EXCERTOS DE POEMAS DE ANTÓNIO QUADROS EM Viagem Desconhecida. Itinerário Poético, 1952: Percorre o teu caminho até ao fundo, E com os versos que achaste, aumenta o mundo. Não sejas um escritor mas um profeta. «Poética Contraditória» Em nome de mim, serei forte e sem tréguas, Mas em nom de quem, serei eu? «As labaredas de silêncio» Sinto que é uma antiga dor, uma dor de sempre. «Todo o dia a minha alma soube a lágrimas» Como não amar tudo o que existe, Se a tudo estou ligado E a tudo devo a vida? «Irrecusável» Uma lufada de vento, uma folha seca, um sorriso E todo o mundo a abrir-se, a revelar-se Ante os nossos olhos extasiados e transparentes. «Uma lufada de vento» EM Além da Noite, 1949. Só há em mim perguntas sem resposta, Instinto para amar, para durar. A grande porta abrir-se-á um dia, E tudo será noite, ou vida, ou luz. «Nada Mais» Choro a derrota de não me achar senão a mim. Tudo é eu. «Apenas um sinal» Fecha os olhos mais fundo, mais e mais, Defende-te melhor do pensamento. «Vem longe a madrugada» Quero estar só comigo mesmo, quero ser eu, eu, eu, e não nós. Quero ser um oásis, uma ilha, um navio que nunca chega à terra. Quero ser espectador, e não actor. «Não quero» E, naquela aldeia Onde nasceu um poeta, Por nascer um poeta, Morreu a poesia. «Poesia» Pois me encontrei também como temia Com a noite, a escuridão, o abismo, o nada… «A voz dos cativos»
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