À Minha Mulher Vem, noite, Vem docemente afagar a minha alma… Que todo este horror desapareça! Lágrimas, soluços, tristes e longos beijos, A tua máscara fria, Os teus olhos fixos de quem viu a morte. Vem noite. A minha filha morreu e eu quero dormir, Quero sonhar com esses dias em que ignorava a morte. Não chores, meu amor! Espera pela noite! Iremos os dois de mão dada pela estrada fora. Lá ao fim, a nossa filha sorri… Vem, noite, Vem docemente afagar a nossa alma…
António Quadros, em Além da Noite, 1949.
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