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Newsletter Nº 176 / 14 de Setembro de 2021
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE


01
Linhas de força de uma antropagogia situada na obra de António Quadros (excertos), por Manuel Ferreira Patrício

02 – Sebastião Daun e Lorena, 9.º Marquês de Pombal (1930/2021) – a sua passagem pelo IADE.

02 António Ferro: Ficção, por E-Primatur.

04 Lembrando Marvão, por Mafalda Ferro.

05 – Pessoa: An Experimental Life, por Richard Zenith. Divulgação.

06 Livraria António Quadros, em promoção do mês: Mallarmé e Fernando Pessoa perante «O Corvo» de Edgar Allan Poe (esboço de literatura comparada), de Manuel Tânger Corrêa.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro


Como prometido, enviamos em anexo (no fim da newsletter) o catálogo, em formato PDF, da última exposição organizada pela Fundação António Quadros / Câmara Municipal de Rio Maior que, devido às circunstâncias pandémicas, não foi visitada por tantos quantos o desejariam. Espero que goste.


A presente newsletter presta sentida e merecida homenagem a três grandes personalidades que nos deixaram este mês:

 

MANUEL SEBASTIÃO DE ALMEIDA DE CARVALHO DAUN E LORENA

(6 de Fevereiro de 1930 / 5 de Setembro de 2021)

Foi um dos 7 sócios fundadores do IADE e com ele trabalhei desde a morte de meu pai António Quadros em 1993; desse tempo, guardo muitas e boas memórias.

Enquanto 9.º Marquês de Pombal e 12.º Conde de Oeiras, sucede-lhe o seu filho mais velho Sebastião José de Carvalho Daun e Lorena (1955/-) e, enquanto 8.º Conde de Santiago de Beduído, sucede-lhe o seu filho Pedro de Carvalho Daun e Lorena (1956/-).

Associamo-nos com amizade a sua mulher Mariana João Cabral Daun e Lorena e a seus filhos Sebastião José, Pedro, Maria da Nazaré, Manuel, Maria das Mercês e Mariana de Carvalho Daun e Lorena no difícil momento que atravessam.

 

JORGE SAMPAIO

(18 de Setembro de 1939 / 10 de Setembro de 2021)

Não o conheci pessoalmente mas, subscrevo a admiração e os elogios que mereceu recentemente e durante toda a sua vida pessoal e carreira politica e humanitária. Sou uma das muitas pessoas que humildemente e à distância se sentiu inspirada pelas suas qualidades e valores humanos.

Tenho a certeza que a sua passagem por esta sua, nossa, vida continuará a inspirar quem com ele privou e conheceu a sua acção e a sua personalidade.

Penso que foi um Homem Bom, assim mo dizem as suas acções, a sua preocupação com os mais fracos e abandonados, o seu sorriso e o seu olhar. Associamo-nos à sua família e amigos, nesta hora de despedida.

A solidariedade não é facultativa, é um dever.

Jorge Sampaio

 

MANUEL FERREIRA PATRÍCIO

(23 de Setembro de 1938 / 11 de Setembro de 2021)

Conheci pessoalmente Manuel Ferreira Patrício e posso dizer que era inteligente, suave, bondoso, delicado, generoso e, apesar das suas habilitações académicas e obra realizada, modesto.

Assim como os seus amigos, seguidores, admiradores e alunos, reconheci e admirei profundamente a sua obra intelectual e de grande pedagogo.

Amigo e admirador da obra e do Pensamento de António Quadros, aderiu ao Conselho Consultivo da Fundação António Quadros desde o seu início.

A nossa amizade foi crescendo mas nos últimos anos, ele em Montargil e eu em Rio Maior, ambos envolvidos em vários projectos (que por vezes se cruzavam), vimo-nos pouco.

Tive pena. Tanto que poderia ter aprendido…

Ficam-nos os escritos, as publicações, as memórias. 
 
01 – LINHAS DE FORÇA DE UMA ANTROPAGOGIA SITUADA NA OBRA DE ANTÓNIO QUADROS (excertos), por Manuel Ferreira Patrício

 

No mundo da Educação, a consciência de que a formação do homem e do cidadão é um problema de primacial importância tem um pouco mais de dois milénios e meio. A palavra em que essa consciência aparece plasmada é, em grego, Paideia.

[…]

Ocupei-vos tão longamente com esta reflexão preliminar por uma razão séria: para vos dizer que vejo em António Quadros um ilustre e operoso elemento desta família, um lídimo servidor da apaixonante obra da Formação do Homem. Formação do Homem.


Coménio começou pela Didáctica Checa. Veio a fechar com a monumental Consultatio Catholica (Deliberação Universal). Todo o labor intelectual de António Quadros configura uma Didáctica Portuguesa. Ambas universais, todavia e curiosamente: a de Coménio, a de António Quadros. Na mesma linha trabalhou Delfim Santos, com o seu ensaio "Temática da Formação Humana". Linha em que de igual modo trabalhou José Marinho, com o seu opúsculo Elementos para uma antropologia situada (1966).


Ora aquele que trabalha para a Formação do Homem, na plenitude deste conceito, eleva-se para além do pedagogo, alça-se ao cume do antropagogo. O seu trabalho é o indicado pelas palavras de S.Gregório Nazianzeno, significativamente lembradas por Coménio nas primeiras páginas da Didáctica Magna: anthrôpos ághein, levar o homem para o homem, levar o homem para a plenitude de si.


O homem português, naturalmente. Porque não? O caminho do homem português é o caminho do homem. Quem duvida de que esta foi a convicção viva e íntima de António Quadros? Eis porque escrevi o primeiro parágrafo do Resumo desta intervenção, tal como o fiz. Só é possível laborar na Formação do Homem português laborando simultaneamente na Casa do Homem português que é Portugal. Portugal, que é um ente; como bem pensou e escreveu André Coyné (1891-1960). Conhecê-lo o melhor possível implica investir numa ontologia de Portugal. Plenificá-lo no seu ser implica, consequentemente, investir numa ontagogia de Portugal. Saber o que é Portugal, ajudar Portugal a chegar a si mesmo. Eis porque escrevi o primeiro parágrafo do Resumo.


Nos termos em que o fiz, lembro. Assim: "O horizonte mais amplo a pensar pode dizer-se que engloba o que poderá ser compreendido como o visionamento de uma ontologia de Portugal, em enlace íntimo com uma ontagogia de Portugal, projecto perene de desejo e vontade de realização, de cumprimento do ser de Portugal."


A obra impressionante que nos deixou António Quadros é inteiramente consonante e congruente com o que acabo de vos ler.


Penso ter cumprido e transposto o pórtico da breve construção que planeei para lembrar e homenagear com fundamento a figura de António Quadros: figura pluridimensional - de pensador, crítico, professor, poeta e ficcionista -, como é apresentado. Não me preocupei em repetir traços da sua biografia, que é amplamente conhecida. Poderei apenas iluminar factos que se me afigurem mais relevantes para pôr em evidência algumas linhas de força do seu pensamento e obra de antropagogo situado e comprometido com a identidade ontológica de Portugal e a vontade de contribuir ontagogicamente para o cumprimento do seu destino histórico.

[…]

Em todas as facetas da sua obra, do seu pensamento e da sua vida - na do pensador e filósofo, na do crítico, na do professor e criador de instituições educativas , na de actor educativo a nível nacional e mundial da UNESCO, mesmo na de poeta e de ficcionista - nós nos confrontamos com a acção desbordante e infatigável da construção antropagógica portuguesa de sentido e direcção universal, nacional humana - na linguagem de Leonardo Coimbra -, consequentemente realizada por António Quadros.


Lê-lo hoje antropagogicamente é iluminar com a luz nova do olhar antropagógico uma existência paidêutica de sempre, de uma vida.

 

Manuel Ferreira Patrício,

Comunicação publicada no Livro de Actas do «Colóquio Internacional «António Quadros. Obra, Pensamento, Contextos. Nos 90 anos do seu nascimento e 20 da sua morte.»

Lisboa, 15 de Maio de 2013.

 
02 – SEBASTIÃO DAUN E LORENA, 9.º MARQUÊS DE POMBAL (1930/2021) – A SUA PASSAGEM PELO IADE, por Mafalda Ferro

 

Em 1969, António Quadros pensou e criou o IADE, inspirado num modelo espanhol ainda inédito em Portugal.

 

As iniciais IADE correspondiam à sua primeira designação: «Instituto de Arte e Decoração» e o primeiro logótipo foi desenhado por um grande amigo, Mestre Lima de Freitas. Anos depois, passaria a chamar-se «Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing», nome que tem vindo, desde então, a ser adaptado à realidade em curso.

 

António Quadros convida a integrar o IADE Francisco Carralero Saiz e António Perez de Castro que conhecera durante um cruzeiro à Rússia, bem como Julio Illa Ocaña, e ainda dois grandes amigos, os advogados Manuel Ferreira de Lima e Manuel Sebastião de Almeida de Carvalho, Daun e Lorena, 9.º Marquês de Pombal. Desafia também a integrar a sociedade o cunhado Roberto Roquette que põe a sua fracção em nome de sua mulher Conceição Mello Breyner Roquette.


Enquanto sócios, Julio Illa, Francisco Carralero Saiz, António Perez de Castro e Conceição Roquette prestam o seu apoio, cada um de acordo com os seus conhecimentos e experiência; Sebastião Daun e Lorena (Sebastião Pombal, como era muitas vezes chamado) aluga ao IADE o lado nobre do Palácio Barão de Quintela à frente da ala em que habita com a família; Manuel Ferreira de Lima presta apoio legal, administrativo e logístico, cedendo os serviços, equipamentos e o espaço do seu escritório de advogado situado do outro lado do Largo Barão de Quintela.

 

O Conselho de Administração é formado desde o início do IADE em 1969 por António Quadros, Manuel Ferreira de Lima e Julio Illa. Em 1993, por morte de António Quadros, o seu lugar é ocupado por Sebastião Daun e Lorena.


Com a saída de Julio Illa em 1996, o Conselho é complementado por Mafalda Ferro (representando o grupo Ferro), Filipa Ulrich Mello Breyner Bonvalot (representando o grupo Roquette) e Rámon Carralero Seiz (representando os sócios espanhóis).


Em 2007, o IADE foi vendido e a mais recente geração de administradores (Mafalda Ferro, Tiago Ferreira de Lima, Pedro Daun e Lorena, Filipa Bonvalot e Rámon Carralero Seiz) colocou os seus lugares à disposição.


Em 2008, Mafalda Ferro fundou a Fundação António Quadros – cultura e pensamento da qual assumiu a presidência.

Em 2008, Madalena Ferreira Jordão, directora-geral, reformou-se.

Em 2010, António Roquette Ferro, director-geral, saiu do IADE para fundar e dirigir a Arte na Linha, escola de artes situada na linha de Cascais.

 
03 – ANTÓNIO FERRO: FICÇÃO,
por E-Primatur

Em Novembro próximo, publicará a editora E-Primatur um volume que reúne a ficção completa de António Ferro. Este volume, de mais de 600 páginas, incluirá, para além da obra édita em livro, duas novelas publicadas no "Grande Magazine Civilização" em 1928 e 1929. Desta forma se disponibiliza uma página fundamental da produção literária modernista portuguesa: a obra de António Ferro que teve expressão maior na prosa ficcional, algo invulgar entre os modernistas nacionais.

 

É sobremaneira importante a ligação que António Ferro faz das formas "tradicionais" do conto e da novela com os temas e o estilo modernistas numa aproximação, por exemplo, às vanguardas espanholas - não é por acaso que Ramón Gómez de La Serna prefacia a novela Leviana de António Ferro.

 

Esta edição conta com uma introdução de Luis Leal que contextualiza a produção literária de António Ferro à luz das vanguardas europeias da época e no meio nacional. Inclui igualmente um extratexto que reproduz as capas originais das obras ilustradas por alguns dos grandes nomes da pintura e ilustração modernas como António Soares ou Bernardo Marques e algum material iconográfico como a reprodução de páginas dos manuscritos do Autor. Será uma edição cartonada a anunciar nas próximas semanas no site da editora em www.e-primatur.com.

 
04 – LEMBRANDO MARVÃO,
por Mafalda Ferro


Lendo uma recente notícia sobre a inauguração da escultura «Marvão» de Irene Vilar e a apresentação do livro "Marvão e Irene Vilar" de Joaquim Pinto da Silva (belíssima edição ricamente ilustrada, com capa de Maria João Alvarez sobre fotografia de José Eduardo Cunha do gesso de Irene Vilar, a que recentemente tive acesso), lembrei com saudade os tempos passados na casa da minha avó Fernanda de Castro situada na Rua do Castelo 3, em Marvão, hoje conhecida como a «Casa do Poeta».


Comprada por Fernanda de Castro no dia 18 de Maio de 1970 por 20.000$00, a futura «Casa do Poeta» era uma casa antiga situada dentro das muralhas do castelo, que a nova proprietária restaurou, como era seu costume e gosto, mantendo a traça original e acrescentando-lhe conforto, arte e vida.

Dez anos depois, devido a problemas de saúde, Fernanda de Castro vendeu a casa (1 de Julho de 1980) ao poeta e jornalista português João Apolinário Teixeira Pinto (Sintra, Belas, 18 de Janeiro de 1924 / Marvão, 22 de Outubro de 1988) cuja mulher, Maria Luiza Vasconcelos, depois da sua morte deu à casa o nome de «Casa do Poeta». Deveria ter sido «Casa dos Poetas»…

Vim a conhecer Maria Luiza e com ela, tenho tocado correspondência.

Sei que a colocou à venda; seria interessante ser o município a adquiri-la.

No entanto, recebi há pouco uma carta em que me escreve:

 

Há um livro recente: Marvão com rosto. Escrito pelo Prof. Dr. Domingos Bucho, historiador que também vive aqui. Escreveu-o usando apenas fontes primárias. Veja o privilégio… Há textos e poemas de sua avó e textos do João Apolinário, meu falecido marido, de sua memória A Casa. Escrita exclusivamente aqui, onde não escreveu poemas.

Domingos chama esse capítulo A Casa dos Poetas.

Assim que se proporcionar vou comprá-lo para você e o Vicente [neto de Fernanda de Castro que passou em Marvão longas temporadas].

Dando tudo certo, ainda este ano venderei minha casa a um historiador formado em Cambridge cujo avô viveu aqui, no alto da Rua do Castelo, artista formado na Bélgica e criador do belo ponto da tapeçaria de Portalegre.

Fico comovida por conhecer algo tão forte como a ligação de netos e avós que esta casa tem. Dois dos netos do João também a têm.

Abraço.

Maria Luiza

 
05 – PESSOA: AN EXPERIMENTAL LIFE, DE RICHARD ZENITH.
Divulgação.

 

Acaba de ser publicada esta obra organizada por Richard Zenith que, editada no Reino Unido por Penguin Books, está à venda também em Portugal. A versão em português sairá no próximo ano.

 

Finally! A brilliant biography that places Pessoa where he should have always belonged, with true giants.

André Aciman.

 

Foi com grande satisfação que, folheando a obra, encontrei uma referência do autor à sua visita à Fundação:

I spent one long and enexpectedly fruitful  day consulting the António Ferro Archive, at the António Quadros Foundation in Rio Maior, fifty miles north of Lisbon. As a fervent promoter both of Portuguese culture and of the dictator António de Oliveira Salazar, Ferro remains a hotly debated figure, and I salute de Foundation, directed by Mafalda Ferro, for making his papers freely available to all researchers, without restrictions. [pp.940/941]

 

[Passei um longo e inesperadamente frutífero dia consultando o Arquivo de António Ferro na Fundação António Quadros em Rio Maior, cinquenta milhas a norte de Lisboa. Como fervoroso promotor da cultura portuguesa e do ditador António de Oliveira Salazar, Ferro permanece uma figura acesamente debatida, e saúdo a Fundação, dirigida por Mafalda Ferro, por disponibilizar livremente os seus documentos a todos os investigadores sem restrições.]

 
06 – LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Promoção do mês.


Autoria: Manuel Tânger Corrêa

Título: Mallarmé e Fernando Pessoa perante «O Corvo» de Edgar Allan Poe (esboço de literatura comparada).

Edição – Rio de Janeiro: Departamento Cultural da Casa das Beiras do Rio de Janeiro, 1968.

Nota: Edgar Allan Poe influenciou a poesia francesa e, também, a portuguesa. O simbolismo francês e o modernismo português devem algo a Poe.

Este estudo marca a posição que Mallarmé e Fernando Pessoa assumiram perante o poema «O Corvo» de Poe.


PVP (promoção):
11,00€

 
 
     
 
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