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Newsletter Nº 192 / 14 de Janeiro de 2023
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros

ÍNDICE

01 António Quadros no ano do seu centenário, por Fundação António Quadros.

02 — Homenagem a Álvaro de Brée [1903 / 1962], 120 anos depois do seu nascimentoponto de partida para outros estudos, por Mafalda Ferro.

03 Lembrando Fernando de Castro e Quadros Ferro [1927/2004], por Mafalda Ferro.

04 Homenagem a Katherine Mansfield, por Mafalda Ferro.

05 Programação prevista para as newsletters de 2023, por Fundação António Quadros.

06 Livraria António Quadros, obra em promoção até 14 de Fevereiro: António Quadros. Lisboa: Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, 1993.


Editorial,

por Mafalda Ferro


ASSEMBLEIA-GERAL DA FUNDAÇÃO ANTÓNIO QUADROS
Informa-se que a Assembleia-geral da Fundação António Quadros acontecerá às 18h do dia 25 de Janeiro na Universidade Autónoma de Lisboa, com a participação dos seus Órgãos Sociais: Presidente, Conselho de Administração, Conselho Consultivo e Conselho Fiscal.


DECLARAÇÃO DE INTERESSE CULTURAL, PARA EFEITOS DE MECENATO
Em 2016, a Declaração de Interesse Cultural, para efeitos de mecenato foi, pela primeira vez, concedida à Fundação por João Soares, Ministro da Cultura, em relação ao projecto «Apoio à Investigação e Tratamento do Acervo Documental, Bibliográfico e Artístico (2016/2018)»; em 2019, foi exarada por Ângela Ferreira, Secretária de Estado da Cultura, relativamente ao projecto «Apoio à Investigação, Tratamento e Divulgação do Acervo Documental, Bibliográfico e Artístico (2019/2022)»; Em 2023, foi exarada por Pedro Adão Silva, Ministro da Cultura, relativamente ao projecto «Apoio à Investigação, Disponibilização, Tratamento, Publicação e Divulgação do Acervo Documental, Bibliográfico e Artístico (2023/2026)».

Este apoio de que a Fundação muito se orgulha constitui, antes de mais, uma homenagem à vida, personalidade e obra de António Quadros, Fernanda de Castro e António Ferro, mas comprova também o trabalho e empenho de quantos acreditam e trabalham na Fundação.

Assim, qualquer benemérito que, através de doações financeiras, documentais, bibliográficas ou artísticas, contribua para o trabalho da Fundação, receberá um comprovativo correspondente ao valor do donativo que lhe permitirá usufruir dos correspondentes benefícios fiscais. 


A versão digital de Miguel Real 40 Anos de escrita: Literatura, Filosofia e Cultura, obra organizada por Carla Sofia Gomes Xavier Luís, Annabela Rita e Alexandre António da Costa Luís, estará disponível online em Janeiro Miguel Real – 40 Anos de Literatura, Filosofia e Cultura. Organizada por Carla Sofia Gomes Xavier Luís, Annabela Rita e Alexandre António da Costa Luís. Posteriormente, a obra estará também disponível em suporte de papel. 
LeIa mais em https://www.antonio-telmo-vida-e-obra.pt/news/miguel-real-40-anos-de-escrita-literatura-filosofia-e-cultura/

  
 

01 ANTÓNIO QUADROS NO ANO DO SEU CENTENÁRIO [1923 / 1993],
por Fundação António Quadros

Filho dos escritores Fernanda de Castro e António Ferro, António Quadros teve o privilégio de nascer no seio de uma família que em termos culturais pode ser considerada acima da média.

Convivendo de perto com intelectuais e artistas amigos dos pais, participando em grandes momentos como, por exemplo, as grandes exposições de Paris em 1937, de Nova Iorque em 1939, do Mundo Português, em 1940 ou num dos bailados do Verde-Gaio, brincando com crianças da sua idade, inclusive as dos Parques Infantis criados por sua mãe desde 1932, habituou-se, desde sempre, a estar à-vontade em todos os ambientes e a aprender com as grandes personalidades da cultura contemporânea.


O seu percurso académico passa pela Escola Francesa, pelo liceu Pedro Nunes e pela Faculdade de Direito mas é na Faculdade de Letras de Lisboa que conclui a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas com uma dissertação sobre a arquitectura portuguesa, que viria a constituir a base da sua Introdução a uma Estética Existencial, publicada em 1954.


Depois de cumprido o serviço militar na Póvoa do Varzim, aceita o seu primeiro emprego, como chefe da Secção de Propaganda e de Turismo dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Lisboa mas a sua estreia literário-jornalística dá-se, antes disso; com 19 anos, assinando apenas com os seus dois nomes próprios António Gabriel, colabora nos jornais da Mocidade Portuguesa. O seu primeiro livro de poesia Além da Noite é dedicado “À minha mãe, ao meu pai e à minha mulher, três poetas da minha poesia”.


A 8 de Dezembro de 1947, casa com Paulina van Zeller de Roure Roquette, a Pó. O casal tem cinco filhos dos quais apenas três sobrevivem: António Duarte Roquette de Quadros Ferro (1952) que seguiu as suas pisadas como Director-Geral do IADE; Ana Mafalda Roquette de Quadros Ferro (1953), que continuou a obra da avó nos Parques Infantis, integrou o Conselho de Administração do IADE e, em 2009, criou a Fundação António Quadros Cultura e Pensamento à qual preside até hoje; Rita Maria Roquette de Quadros Ferro (1955) que, com um estilo literário muito próprio, personaliza o talento literário da terceira geração de escritores da Família Ferro.


Criado o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, António Quadros abraça, até 1970, esse projecto que viria a constituir a sua principal actividade profissional. No início, como inspector, as suas funções obrigam-no a percorrer o país de Norte a Sul e, por morte do escritor Domingos Monteiro, é nomeado Director das Bibliotecas Itinerantes.


Publica o livro de contos Anjo Branco, Anjo Negro Contos Fabulosos e Alegóricos. Um destes contos «A Filha do Poeta» narra a história de uma jovem que herda o espólio literário do pai e o esquece. Este conto é interpretado por sua filha Mafalda como sinal da sua preocupação a propósito do destino que seria dado aos documentos reunidos por si e por seus pais. Sob essa inspiração, nasce a Fundação António Quadros.


Revela-se um brilhante conferencista e é permanentemente solicitado para proferir palestras sobre os mais variados temas ligados à cultura portuguesa.


Convidado por Agostinho da Silva, desloca-se pela primeira vez ao Brasil, proferindo conferências e dando aulas sobre temas de filosofia e cultura portuguesa na Universidade de Brasília e noutros importantes centros culturais brasileiros, como o Rio de Janeiro e S. Paulo.


O ano de 1969 é, para António Quadros, o ano que assinala a realização de um dos seus mais queridos sonhos, o IADE que, inspirado num modelo espanhol, assume uma estrutura pioneira em Portugal que pretende «formar profissionais de nível em áreas fundamentais, mas profissionais, a que não faltem uma formação universalista, humanística, europeia, a par de uma consciência das nossas raízes portuguesas». As iniciais correspondem, no início, a «Instituto de Arte e Decoração», mas passará a designar-se, anos depois, «Instituto de Artes Visuais Design e Marketing». A partir de 1971, acumula, no IADE, os cargos de director-geral da Escola e docente nas cadeiras de História de Arte e Cultura Portuguesa, que manterá ininterruptamente até ao ano de 1992. Em paralelo, continua a exercer funções na Universidade Católica Portuguesa onde lecciona Deontologia da Comunicação.


A sua intensa actividade profissional não o impede, porém, de continuar a intervir constantemente na vida cultural portuguesa, participando em congressos, colóquios e seminários; colaborando regularmente na imprensa, exercendo diversas funções ou assumindo cargos de relevante significado e responsabilidade, como Membro da primeira Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, de que foi um dos fundadores; Presidente da Comissão Nacional para o Ano Internacional da Alfabetização; Representante do Ministério da Educação no Comité Nacional para a Década Mundial do Desenvolvimento Cultural; Director da Biblioteca Breve do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa; Membro da Direcção do Círculo Eça de Queiroz; Membro do Conselho de Administração do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira; Membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Filosofia; Membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa; Membro do Centro de Estudos Luso-Brasileiros; Membro do CELBRA, Centro de Estudos de Pensamento Luso-Brasileiro (Rio de Janeiro); Professor-convidado da Universidade Gama Filho (Brasil); Membro do Conselho de Administração da Fundação Lusíada; Fundador e Director dos Fascículos de Cultura Acto; Fundador e Director do jornal 57; Fundador e Director da revista de Filosofia e Cultura Espiral; Fundador e director das Edições Espiral; Tradutor de autores como Georges Duhamel, André Maurois, Tennessee Williams, Jean Cocteau e Albert Camus; Membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social; entre muitos outros.


Paralelamente, prossegue e realiza uma vasta obra no domínio do ensaio filosófico, da ficção e da poesia, ampliando e aprofundando o estudo da obra de Fernando Pessoa, de que será o mais profundo intérprete, e desenvolve uma séria, inovadora e complexa reflexão sobre Portugal e o significado mais secreto da sua cultura e do seu destino histórico e transcendente.


Filho de António Ferro, perfilhando alguns valores comuns a seus pais, tais como um profundo sentido de patriotismo e uma inquebrantável crença nos valores portugueses, a Revolução de Abril não o poupa a dissabores que, longe de o afastarem do país, o mobilizam no sentido de moralizar e galvanizar Portugal e os portugueses, no momento de caos que se atravessa, através da sua pena firme, serena e corajosa.


A partir dos anos 80, regressa a temas como a Filosofia da História, do Símbolo e do Mito. Assim, vai escrevendo e publicando Introdução à Filosofia da História Mito, História e Filosofia da História no Pensamento Europeu e no Pensamento Português e, ainda Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista, em dois volumes. Escreve Portugal, Razão e Mistério (1986-1987), «in memoriam de Álvaro Ribeiro, ao mestre, ao sábio e ao amigo», tendo publicado os dois primeiros livros de uma trilogia cume e síntese da sua hermenêutica do Portugal mais profundo, essencial e secreto, onde desenvolve um conceito de «patriosofia», isto é, do conhecimento da Pátria, que é genuinamente seu. Infelizmente, não termina o terceiro volume; a trilogia virá a ser publicada em volume único pelas editoras «Fundação António Quadros» e «Alma dos Livros» em 2020.


Sobre Pessoa, o escritor esclarece que tem sido «muito menos um investigador do que um intérprete ou um pensador interessado no que ela apresenta em si própria e no contexto da cultura portuguesa». O seu estudo da obra de Pessoa representa, durante toda a sua vida, um trabalho incansável «quer pelos manuscritos de Fernando Pessoa oferecerem grandes dificuldades de leituras quer porque houve por vezes escolhas que fragmentam textos já de si fragmentários ou critérios de ordenação que podem e devem ser revistos no futuro». As palavras são suas.


Em 1992, escreve Uma Frescura de Asas, romance inspirado nos últimos dias do filósofo Sampaio Bruno: um livro cujo conteúdo é de certo modo premonitório da sua própria morte.


Escreve as suas últimas obras no «Pomar de Santo António», casa que adquirira em Vale de Óbidos, Município de Rio Maior. Aí passa gratos períodos escrevendo e convivendo com a família, os netos, os amigos. Esta casa é actualmente a sede oficial da Fundação António Quadros, criada em Janeiro de 2009 por sua filha Mafalda. É aqui também que redige, já quase cego, o seu último romance (ainda inédito) A Paixão de Fernando P., inspirado no amor de Fernando Pessoa por Ofélia.


Publica Estruturas Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa, dedicado a Gilbert Durand, «que soube discernir e amar alguns dos valores mais profundos da literatura e da arte portuguesas». Escreve no exemplar que oferece a sua filha, Mafalda, à sua querida filha Mafalda, pilar de força e de alegria da família, com muitos beijos do autor deste livro, quer dizer, do seu pai.


Alma naturalmente generosa, espírito profundamente tolerante, personalidade aberta ao mundo e às mais diversas expressões culturais, António Quadros, embora radicalmente centrado em Portugal, seu pensamento e sua cultura, revela durante toda a sua vida, um permanente interesse e atenção por todas as religiões e pelas culturas estrangeiras, em especial por aquelas que maiores afinidades espirituais apresentavam com as da sua pátria, como inequivocamente o testemunham os seus livros. Para além do inesgotável valor intrínseco da sua vasta obra de pensador, ensaísta, crítico, poeta, ficcionista, são possivelmente, os traços do seu carácter profundamente humano que explicam os testemunhos de amizade e reconhecimento de que foi alvo, em Portugal e no Brasil.


Já gravemente doente, confia o IADE ao seu filho António que nomeia director-geral e, também, a Madalena Jordão, grande amiga e colaboradora insubstituível que virá a ocupar o cargo de directora-adjunta. Dez dias antes de morrer, em entrevista a Antónia Sousa, (DN, 11.03.1993), exorta pela última vez os portugueses: Acreditem em Portugal, porque Portugal está no mais fundo de cada um de vós e sem Portugal sereis menos do que sois.”


O Padre Vaz Pinto, capelão do Hospital da CUF, presta-lhe o último conforto espiritual, mas, a avaliar pela serenidade e confiança que aparenta, já se encontra preparado. Nos últimos dias centra-se exclusivamente na família, dando-lhe uma lição de verdadeira dignidade no sofrimento. Morre com 69 anos, vítima de tumor cerebral, no dia 21 de Março de 1993, dia do início da Primavera e da Poesia, depois de receber os últimos sacramentos.


Deixa inconsoláveis, além da mãe, do irmão, da mulher e dos filhos, oito netos com quem manteve sempre uma fascinante relação de ternura, brincadeiras e conselho sábio. 
Mais que bens materiais, deixou aos seus herdeiros o exemplo da sua vida e os ensinamentos que havia recebido de seus pais:

A importância das palavras faladas e de pequenos gestos;

A perdoar sem guardar rancor nem mágoa;

A ser generoso, dando sem esperar retorno;

A ser honesto, paciente, gentil e trabalhador;

A ser um bom pai, sendo um bom filho;

Que é na solidão que melhor se pensa e escreve;

Que é preciso afastar o ruído, fazer escolhas mesmo que dificeis e viver coerentemente de acordo com elas;

Que o sofrimento é mais fácil de superar quando se ajuda os outros;

Que ter amigos e ter família é importante mas que ter-se a si próprio também o é;

Que, sempre que possível, se deve evitar o conflito;

A importância de Portugal e de ser Português.

 
Bibliografia consultada:

Retrato de uma Família: Fernanda de Castro, António Ferro, António Quadros, de Mafalda Ferro e Rita Ferro. Lisboa: Círculo de Leitores e Autoras, Outubro de 1999. 
 
02 — HOMENAGEM A ÁLVARO DE BRÉE [1903 / 1962], 120 ANOS DEPOIS DO SEU NASCIMENTOPONTO DE PARTIDA PARA OUTROS ESTUDOS, por Mafalda Ferro.


Completam-se este ano 120 anos depois do nascimento de Álvaro de Brée, um dos maiores escultores portugueses e, não resisto a dizer, grande amigo do casal António Ferro e Fernanda de Castro.
A Fundação António Quadros pretende através do presente artigo prestar-lhe homenagem e inspirar a realização de outros estudos sobre o próprio pois, lamentavelmente, pouca informação existe sobre o artista. 

FAMÍLIA
Álvaro [João Vella] de Brée descendia de uma família francesa que se estabeleceu na Áustria, no momento da Revolução. O seu bisavô veio para Portugal integrado no séquito do Rei D. Fernando II.

De Brée 
nasceu em Lisboa a 6 de Agosto de 1903 e casou cpm Marcelle Justine Madelaine Monestier. [(Saint-Lô (Manche),15/02/1920 - Caen (Calvados), 17/03/2008)].

Do casamento, nasceram,  dois filhos, ambos em Barcarena: Gui Nuno Álvaro de Brée casado com Maria Joana Telles de Utra Machado; e Maria João Monestier de Brée casada com Duarte Nuno de Vale e Vasconcelos.

Apesar de o seu 
atelier se localizar na Rua Coelho da Rocha em Lisboa, Álvaro de Brée residia em Barcarena na Quinta do Monte de S. Miguel, mais conhecida por Quinta dos Brées. Aí, ocupava o cargo de membro da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia do Concelho de Oeiras. Por essa razão, quando morreu, com 59 anos, Marcelle de Brée doou o  espólio artístico do marido à freguesia de Barcarena.


VIDA E OBRA

Brée foi um escultor português enquadrado na chamada segunda geração de artistas modernistas portugueses. Os seus mais importantes trabalhos são as esculturas e as medalhas.


Terminado o ensino secundário no Liceu Pedro Nunes, Brée ingressa na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa mas, antes de terminar o 1.º ano, parte, em 1927, para Paris onde se inscreve na Escola de Belas Artes. Na capital francesa, enquanto discípulo de Niclousse, de Bourdelle e de Despiau, apercebe-se que a sua paixão é a escultura e não a pintura, arte que até então o entusiasmara.


Quando, em 1937, regressa a Portugal, expõe, pela primeira vez, na Sociedade Nacional de Belas Artes, iniciando uma longa carreira enquanto escultor. Desde então, e até à partida de António Ferro para Berna, participa em inúmeras exposições colectivas organizadas pelo SPN/SNI: a Exposição de Nova Iorque (1939), a Exposição do Mundo Português (1940) e diversas exposições de Arte Moderna organizadas por António Ferro no S.P.N./S.N.I. (1940, 1941, 1942, 1945, 1947, 1949). Posteriormente, participa também na I Bienal de S. Paulo, Brasil (1951), na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1957), na Exposição Internacional de Bruxelas (1958) e ainda na Exposição Nacional de Numismática Internacional de Madrid [s.d.].


Além de grande número de esculturas expostas em espaços de rua, várias peças de sua marcam presença em diversas colecções das quais se destaca a do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa (Menina dos olhos tristes); a do MNAC — Museu do Chiado em Lisboa; a do Museu Nacional de Soares dos Reis no Porto; a da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (Estátua da Rainha D. Leonor); a da Fundação António Quadros em Rio Maior (bustos de António Ferro, de Fernanda de Castro e de António Quadros); a do Círculo Eça de Queiroz em Lisboa (busto de António Ferro).


Na impossibilidade de listar todas as suas obras, referimos apenas algumas, informando sobre algumas caracteristícas que conseguimos encontrar:


SEM DATA: 

Baixo-relevo «As Musas Erato, Clio e Caliope» (Localização: Faculdade de Letras, Lisboa; o busto em bronze de Fernanda de Castro (Localização: Fundação António Quadros, Rio Maior); a escultura de Nossa Senhora de Fátima do Rosário (Localização: Igreja de São Domingos, Lisboa); a estátua da Rainha Santa Isabel (Localização: Convento de Santa Clara-a-Nova, Coimbra); e a estátua de João do Rio.

[DÉCADA DE 30 DO SÉCULO XX]: 

Busto em gesso de António Quadros (Localização: Fundação António Quadros, Rio Maior).

COM DATA:

1937 Busto «Meu Pai», apresentado na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa.

1939 — Estátua em bronze do Capitão João Rodrigues Cabrilho [Juan Rodriguez Cabrillo], descobridor da Califórnia, inaugurada em 1942 (Localização: Monumento Nacional de Cabrillo, San Diego County), premiada pela CML e pelo SNI (1947). Uma réplica desta obra foi apresentada na Exposição de Nova Iorque (1939).

1940 — Medalha em bronze «Meu Filho», primeira medalha que executou, apresentada na VII.ª Exposição de Arte Moderna (1942).

1943 Escultura religiosa em baixo relevo e estátua de N.ª Senhora da Conceição (Localização: Portaria da Catedral de Nova Lisboa, Angola).

1945 Taça de Prata, galardão dos prémios cinematográficos anuais.

1946 — Estátuas em gesso dos navegadores Pedro de Sintra, Diogo Cão, Diogo Gomes, João de Santarém (Localização: Museu da Marinha, Lisboa).

1947 — Medalha Comemorativa da Tomada de Lisboa; Medalha em bronze / Prémio Cinema “Paz dos Reis”, do SNI.

1948 — Medalha Comemorativa do Congresso Nacional de Arquitectura e Engenharia; Busto de António Ferro em terracota (Localização: Fundação António Quadros, Rio Maior); Busto de António Ferro em bronze (Localização: Círculo Eça de Queiroz, Lisboa).

1950 — Estátua da Rainha Santa Isabel (Localização: Odivelas).

1951 — Estátua da Rainha Santa Isabel (Localização: Coimbra).

1952 — Estátuas «Fomento» e «Sabedoria» (Localização: Escadaria nobre do Ministério das Finanças).

1953 — Medalha Comemorativa do 8.º Congresso Internacional de Turismo; Medalha Comemorativa dos Prémios de Cinema do SNI; Estátua de S. João de Deus (Localização: Santuário de Fátima, Fátima).

1954 — Estátua em bronze do Rei D. Duarte sobre plinto em granito (Localização: Viseu).

1955 — Estátua da Condessa Mumadona. Localização: Largo da Mumadona, Guimarães.

1958 — Busto em bronze «Menina dos olhos tristes», patente nesse ano na Exposição Internacional de Bruxelas, premiada com uma Medalha de Ouro (Localização: Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa); Modelo com 62cm de altura concebido para correspondente escultura de grande porte da Rainha D. Leonor (Localização (Museu de S. Roque, Lisboa); Modelo em gesso para estátua da Rainha Dona Leonor (2,7m de altura) (Localização: Misericórdia de Lisboa); Estátua final em bronze da Rainha D. Leonor (2,7m de altura) (Localização: Beja); Busto em bronze de António Ferro (Localização: Desaparecido!).

1960 — Estátua do Infante D. Henrique (Localização: Museu da Marinha, Lisboa).

1961 — Modelo em gesso para a estátua em bronze de Pedro Álvares Cabral inaugurada em 1963 pelo ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Oferta do Ministério das Obras Públicas ao Município de Belmonte (Localização: Belmonte).

1969 — Estátua em granito de Eça de Queiroz, inaugurada depois da morte do seu autor (Localização: Junto do edifício da Biblioteca Nacional, Lisboa).


Tendo encontrado pouca informação sobre as supra-referidas obras, e na impossibilidade de proceder a um trabalho de investigação mais exaustivo, optámos, hoje, por contar apenas as histórias de duas esculturas de sua autoria:


— A primeira história é a do Busto de António Ferro:

Em 1948, Álvaro de Brée executou o modelo em terracota (hoje, acervo da Fundação António Quadros) para busto de António Ferro em bronze a expor no Círculo Eça de Queiroz (CEQ). O Círculo havia sido fundado por Ferro em 1940 com sede no Largo Rafael Bordalo Pinheiro 4, em Lisboa com o objectivo de fomentar o bom convívio entre os seus sócios e convidados e também o gosto pelas letras e as artes, por meio de conferências, exposições e concertos. O busto do seu fundador permanece até hoje num nos salões do CEQ.

Em 1958, celebrando o XXV Aniversário do SPN/SNI e lembrando António Ferro, dois anos depois da sua morte, foi-lhe encomendada, por iniciativa de César Moreira Baptista, outra réplica em bronze. O busto (meio corpo) foi descerrado no Palácio Foz, às 17h do dia 26 de Outubro de 1958 e aí permaneceu até à revolução de Abril de 1974, quando o Palácio foi invadido por diversos populares que, na incapacidade de remover o busto, o envolveram com panos. A partir desse dia, nada mais se sabe sobre o paradeiro do busto de António Ferro: Desapareceu sem deixar rasto.

 

— A segunda história é a da Estátua da Rainha D. Leonor:

Em 1958, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), em celebração do V Centenário de Nascimento da Rainha D. Leonor (fundadora em 1498 da Misericórdia), foi criada uma Comissão presidida por José Guilherme de Mello e Castro, Provedor da SCML, e por José António da Silva, Vogal da Comissão e Presidente da Câmara de Beja.

A referida Comissão encomendou, então, a Álvaro de Brée, uma estátua da Rainha D. Leonor cujo produto final seria erigido em Beja, terra natal da Rainha.

O orçamento apresentado pelo escultor tinha o valor de 220.000$00 e, a esta verba era preciso acrescentar os restantes custos inerentes no valor adicional de 30.000$00.

Para fazer frente ao pagamento desta verba, que não era pequena, a SCML obteve patrocínios do Ministério do Interior (25% do custo total da obra) e do Ministério das Obras Públicas (50% do custo total da obra).

Foi redigido um contrato com o escultor, ficando definido que o projecto englobaria a feitura de dois modelos em gesso para aprovação da SCML, um de 62cm de altura (hoje, acervo do Museu de S. Roque) e outro com 2,7m de altura (hoje, exposto no espaço interior da SCML) e, ainda, de um original em bronze, também com 2,7m de altura, a colocar em Beja. O processo, iniciado em Julho de 1958, terminou a 2 Dezembro do mesmo ano, dia em que a estátua em bronze foi inaugurada.

O modelo em gesso de grandes proporções esteve patente na sessão inaugural das comemorações do IV Congresso das Misericórdias a 3 de Dezembro de 1958 e na exposição «Rainha D. Leonor» realizada no mesmo mês no Mosteiro da Madre de Deus / Fundação Calouste Gulbenkian. Terminadas estas realizações, ambos os modelos foram transportados para a SCML onde permanecem até hoje.


[Agradecemos ao Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, exemplarmente dirigido por Francisco d’Orey Manoel, a disponibilização do processo referente Estátua da Rainha D. Leonor por Álvaro de Brée]


Por iniciativa de César Moreira Baptista, Secretário de Estado da Informação e do Turismo, no 10.º aniversário da sua morte, foi inaugurada no Palácio Foz uma exposição retrospectiva da sua obra artística.

PRÉMIOS E OUTROS:
Foi galardoado com o Prémio Mestre Manuel Pereira (escultura), atribuído pelo S.P.N. (1940); 1.º Prémio no Concurso da Medalha Comemorativa da Tomada de Lisboa, entregue pela Câmara Municipal de Lisboa pela sua «Estátua de Cabrilho» (1947); com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1958). Em 1981, a título póstumo, foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.


REGISTOS TOPONÍMICOS ENCONTRADOS: 
Rua Álvaro de Brée, Barcarena, Oeiras; Travessa Álvaro de Brée, Corroios, Setúbal, Seixal.


Legendas das imagens (acervo da Fundação António Quadros):


01  Álvaro de Brée, 1938.
02 — Busto de António Ferro, em terracota, 1948. Patente na Fundação António Quadros, Rio Maior.
03  Busto de António Ferro, em bronze, 1948. Patente no Círculo Eça de Queiroz, Lisboa.
04  Busto de António Ferro, em bronze, 1948. Anteriormente patente no Palácio Foz, Lisboa (imagem retirada de Um Instrumento de Governo" 25 anos de Acção).
05  Estátua da Rainha D. Leonor, 1958. Patente na SCML. Imagem da SCML.
06  Busto de Fernanda de Castro, [s.d.]. Patente na Fundação António Quadros, Rio Maior.
07 — Busto de António Quadros, em gesso [s.d.]. Patente na Fundação António Quadros, Rio Maior.
08 — Telegrama de Álvaro de Brée para António Ferro, 26.10.1948, Processo “15 Anos de Política do Espírito”.
09 — Programa do XXV Aniversário da criação SPN/SNI.
10 — Convite para o XXV Aniversário da criação SPN/SNI e cerimónia de descerramento do busto de António Ferro, de Álvaro de Brée, 26.10.1958.
11 — Álvaro de Brée, durante o jantar de despedida e homenagem a António Ferro, prestes a partir para Berna, 1949.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Estatuária de Lisboa, de Rafael Laborde Ferreira e Victor Manuel Lopes Vieira. Lisboa: Amigos de Lisboa, 1985; Dicionário de pintores e escultores portugueses I. [2.ª edição], de Fernando Pamplona. Barcelos: Livraria Civilização,1987.

 

03 — LEMBRANDO FERNANDO DE CASTRO E QUADROS FERRO [1927/2004],
por Mafalda Ferro

O Nucha, como era tratado, adorava os pais e os irmãos, era inteligente, culto, trabalhador, independente e um rebelde que se divertia a provocar a família, gerando acesas discussões. Lembro-me de, nessas alturas, o ver sorrir ironicamente. Nunca foi marinheiro de águas mornas, gostava de grandes tempestades. Todos o adoravam e, a todos, por vezes, irritava.

Era uma pessoa fascinante que viveu intensamente suscitando, à sua passagem, grandes paixões e fortes amizades.

Gostava da vida nocturna e de encontros rápidos e sem compromisso mas teve duas mulheres que o amaram, a Lee (inglesa) e a Dominique (francesa); de ambas teve filhos (Tracy, Grett, Vincent e Stephanie).


As circunstâncias da sua vida nem sempre foram fáceis (falta de saúde, morte de duas filhas...) mas conduziu a sua vida exactamente como quis sem seguir regras fossem elas ditadas pela sociedade, pelo trabalho ou pela família.

Acredito que o lema da sua vida fosse algo como «Se tinha asas para voar, porque não fazê-lo?»


Enquanto adulto, permaneceu pouco tempo em Portugal, tendo residido maioritariamente em Inglaterra, França e Brasil onde trabalhou como editor e tradutor. Em Portugal, quando regressou, abriu e dirigiu uma Escola de Línguas.

Sempre lhe custou viver longe de Portugal mas não o conseguia evitar, a necessidade de independência era mais forte do que tudo.


Em criança, enviava-me cartões de boas-festas com desenhos da Sarah Affonso retirados da obra de sua mãe “Mariazinha em África” e, em adulta, fazia-me rir com os presentes extravagantes que enviava ao meu primeiro marido Francisco José Gautier. Em Portugal, quando me visitava, levava sempre flores e, por vezes, algo para me adoçar a boca.

Nasceu em Lisboa, em casa dos seus avós paternos, a 19 de Junho de 1927 e morreu em sua casa no Monte Estoril a 4 de Janeiro de 2004.


Deixou muitas saudades e, sobre ele, continuam a circular na família histórias das suas aventuras.

Um beijinho à Dominique e aos seus filhos Vincent e Stephanie. 
 
04 HOMENAGEM A KATHERINE MANSFIELD,
por Mafalda Ferro.


Completam-se este mês cem anos depois da morte de Katherine Mansfield (Kathleen Mansfield Beauchamp) [14 Outubro de 1888 / 9 Janeiro de 1923].


Katherine Mansfield nasceu em Wellington e era filha de Harold Beauchamp e de Annie Dyer-Beauchamp. Até 1906, o seu principal interesse era a prática do violoncelo e só então começou a escrever contos. Em 1908, instalou-se em Londres, cidade onde tinha completado a sua formação. Na capital inglesa, os seus hábitos eram considerados boémios, de acordo com as práticas de muitos artistas e intelectuais seus contemporâneos.


Num muito curto período, casou e separou-se de George Bowden; engravidou de Garnet Trowell, um músico amigo da sua família, e perdeu o bebé; conheceu John Middleton Murry com quem viria a casar em 1918. Embora esse casamento não fosse muito conservador e vivessem separados por diversas alturas, durou até ao fim da sua vida.


Foi amiga de grandes personalidades como D.H.Lawrence e também de Virginia Woolf que, a seu propósito, terá referido que invejava a sua escrita.


Durante a Primeira Guerra Mundial, depois da morte de um dos seus irmãos, viveu momentos de grande depressão e, ao longo da vida, teve graves problemas de saúde, por vezes causados pela sua vida desregrada. Até 1918, continuou a escrever mas publicou muito pouco. No entanto, a partir desse ano, intensificou as suas publicações, comprovando o seu talento literário.


Em Janeiro de 1923, doente com tuberculose, sofreu uma hemorragia pulmonar que lhe foi fatal.


Grande parte de sua obra literária permaneceu inédita até que o seu segundo marido, editor, se dedicou a coligir, editar e publicar os seus escritos,  inclusive um diário, registo de uma vida complicada mas plena de interesse e essencial para o conhecimento da sua personalidade, vida e obra.


Assim, em sua homenagem, referimos hoje o Diário de Katherine Mansfield que, integrado no acervo bibliográfico da Fundação António Quadros, foi publicado no Porto pela Livraria Tavares Martins em 1944. O Diário é o primeiro volume da série «B - Biografias e Memórias» da colecção «Contemporâneos», dirigida por António Ferro. A tradução é de Fernanda de Castro; o prefácio, de John Middleton Murry (marido da autora); a capa e o desenho interior, é de Manuel Lapa.


O exemplar existente na Fundação (com a capa em péssimo estado) inclui uma dedicatória manuscrita para a artista Inês Guerreiro: À Inês, a quem gostaria de dar todas as flores e todos os frutos da Terra para que assim pudesse saciar essa fome de vida que a torna irmã espiritual de Katherine Mansfield. Fernanda de Castro, 1946.

 
05 PROGRAMAÇÃO PREVISTA PARA AS NEWSLETTERS DE 2023,
por Fundação António Quadros.


As newsletters (NL) de 2023, ano do centenário de nascimento de António Quadros, ser-lhe-ão especialmente dedicadas. No entanto, daremos também atenção a outras personalidades, figuras centrais de importantes efemérides, e às actividades da Funda ção e de outras Instituições ou Particulares, seguindo uma agenda programada, e a completar, para 2023:


NL de Janeiro:
Centenário de António Quadros; 120 anos depois do nascimento de Álvaro de Brée a 6 de Agosto de 1903; 100 anos depois da morte de Katherine Mansfield, a 9 de Janeiro de 1923; Morte de Fernando de Castro Ferro.

NL de Fevereiro: 90 anos depois do nascimento de Ruy Belo, poeta nascido em Rio Maior, São João da Ribeira, a 27.02.1933.

NL de Março: 30 anos depois da morte de António Quadros a 21.03.1993; e de Natália Correia a 16.03.1993.

NL de Maio: Instituição da Fundação António Quadros a 06.05.2008; Assinatura de protocolo com a CML, a 06.05.2013; 10 anos depois da instalação da Fundação em Rio Maior.em Junho de 2013.

NL de Julho: 100 anos depois do nascimento de António Quadros; Entrega do Prémio António Quadros; Colóquio «António Quadros, 100 anos depois».

NL Outubro: 110 anos depois do nascimento de Manuel Tânger Corrêa a 24.10.1913.

NL de Agosto: Nascimento de António Ferro a 17.08.1995.

NL de Setembro: 100 anos depois do nascimento de Natália Correia a 13.09.1923.

NL de Novembro: 120 anos depois do nascimento de Domingos Monteiro a 06.11.1903.

NL de Dezembro: Fernanda de Castro no mês do seu nascimento e morte.

 
06 LIVRARIA ANTÓNIO QUADROS
Obra em promoção até 14 de Fevereiro:

Título: António Quadros.

Evocação de António Quadros: Afonso Botelho.

Introdução ao Pensamento de António Quadros: António Braz Teixeira.

Outras colaborações: João Bigotte Chorão, Paulo Borges, Jorge Preto, Francisco Soares.

Colecção: «Razão Atlântica» n.º 1.

Edição – Lisboa: Instituto de Filosofia Luso-brasileira, 1993.

PVP (em promoção): €12,00

 
 
     
 
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