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Newsletter N.º 215 / 14 de Novembro de 2024 |
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Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros |
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ÍNDICE
01 — Continuando a celebrar Fernanda de Castro (8-12-1900 / 19-12-1994), 30 anos depois da sua morte, 124 anos depois do seu nascimento, por Mafalda Ferro.
02 — António Ferro, no aniversário da sua morte, por Jorge Ramos do Ó (2009).
03 — Jorge de Sena, 105 anos depois, por Manuela Dâmaso.
04 — A presença de Jorge de Sena no arquivo histórico da Fundação António Quadros, por Mafalda Ferro.
05 — Cerimónia de entrega do Prémio António Quadros 2024. Memória.
06 — Em «Boletim Folhas à solta», da Associação Agostinho da Silva, n.º 128, Setembro | Outubro 2024. Divulgação.
07 — Publicações sugeridas. Divulgação.
08 — Livraria António Quadros: Obra em promoção: "TEATRO", de Fernanda de Castro.
EDITORIAL,
por Mafalda Ferro
Na Fundação, Fernanda de Castro é, até ao fim do ano, a nossa grande homenageada.
Fernanda de Castro, retratada (aguarela) por Luís Guimarães. Lisboa,1993. [FAQ/CA-OA/00006]
Lembramos também, a recente entrega do Prémio António Quadros 2024 e, ainda, António Ferro, no aniversário da sua morte.
Comemoramos hoje a vida de Jorge de Sena, 105 anos depois do seu nascimento em Lisboa a 2 de Novembro de 1919, através de documentos da Fundação e das palavras de António Quadros e de Manuela Dâmaso.
Sena viveu em Portugal, no Brasil e nos Estados Unidos.
Escreveu poesia, ficção, teatro, crítica, ensaio. Foi engenheiro civil, professor universitário, conferencista e tradutor.
Morreu em Santa Bárbara, na Califórnia, a 4 de Junho de 1978.
Estabeleceu contactos profissionais e amizade com personalidades cujos espólios são preservados na Fundação António Quadros.
A Associação Cultural do Concelho de Rio Maior promove nas suas instalações um novo Serão Temático «Temos Liberdade. E agora? A visão dos jovens»
Para o efeito, foram convidados dois jovens políticos de diferentes quadrantes para partilharem a sua visão acerca dos desafios da actualidade numa sociedade construída em liberdade. e o que, do respectivo ponto de vista, se cumpriu e o que falta cumprir.
Local e data:
Edifício Loja do Cidadão, 2.º, Rio Maior, 22 de Novembro, 21h.
Entrada livre.
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01 — Continuando a celebrar Fernanda de Castro (8/12/1900-19/12/1994), 30 anos depois da sua morte, 124 anos depois do seu nascimento, por Mafalda Ferro.
O tempo de Fernanda de Castro entre nós, teve início e terminou no mês de Dezembro. Em sua homenagem, a Fundação, guardiã e principal divulgadora do acervo que produziu e reuniu ao longo da vida, presta-lhe, no trimestre em curso, uma sentida homenagem, publicando duas obras de sua autoria (Fundação António Quadros Edições).
Nos seus escritos, em prosa ou em verso, para adultos ou para crianças, seja qual for a tipologia ou o tema, Fernanda de Castro revela sempre algo de si, da sua alma, das suas memórias. Para a entender e conhecer, há que prestar atenção pois, implementando em cada texto o lirismo que a caracteriza acima de tudo e utilizando a sua vívida imaginação, a autora pinta quadros literários, sempre emotivos, que permitem juntar as peças necessárias para a construção de um puzzle com o seu nome. «Náufragos», a sua primeira obra dramatúrgica (escrita há mais de um século), não é excepção.
Recorrendo maioritariamente ao Arquivo Histórico e à Biblioteca da Fundação António Quadros, Náufragos. Edição Crítica acrescenta à Peça de Teatro em três actos, documentos, artigos publicados na imprensa, textos, referências bibliográficas e imagens que permitem reconstituir o percurso de «Náufragos» e, ainda, uma introdução de Mafalda Ferro, um prefácio de Eugénia Vasques, um posfácio de Joana Leitão de Barros, o primeiro levantamento da obra dramatúrgica de Fernanda de Castro (41 peças de teatro), registos da sua acção em prol do teatro e, ainda, a sua bibliografia activa (primeiras edições).
Luís Moreira, membro da Comissão Instaladora e do primeiro Conselho de Administração da Fundação, deixou-nos há 15 anos mas não sem antes ter terminado a pintura que escolhemos para imagem de capa. Chamou-lhe «Tecidos de Vida».
Depois da publicação de Ao Fim da Memória. Memórias, em dois volumes, pela Editorial Verbo (em 1986/87, 1.ª edição e em 1988, 2.ª edição), esta obra integrou ainda a Obra Completa da Autora, editada pelo Círculo de Leitores, também em dois volumes.
Memórias (1906-1987), Nova Edição, reúne pela primeira vez os dois volumes originais num livro único. acrescentando-lhe uma bibliografia actualizada da Autora e, ainda um essencial índice remissivo com cerca de 500 termos referentes a nomes, locais, casas e projectos associados à vida de Fernanda de Castro, como forma de facilitar a consulta.
A apresentação de Náufragos e de Memórias, de Fernanda de Castro, acontecerá no dia 7 de Dezembro, às 15h na Biblioteca da Misericórdia de Lisboa, Largo de S. Roque — entidade que recebeu das mãos de Fernanda de Castro a sua Obra Maior, não literária: Os Parques Infantis.
No dia 21 de Dezembro, às 16h, a Associação Agostinho da Silva, presta também a sua homenagem à grande escritora, poetisa, humanista, empreendedora e, em Janeiro de 2025, será a vez de Rio Maior prestar a sua homenagem a Fernanda de Castro. |
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02 — António Ferro, no aniversário da sua morte,
por Jorge Ramos do Ó (em 2009)
Cumprem-se, no dia 11 de Novembro, 53 anos sobre o inesperado desaparecimento de António Ferro, jornalista, escritor, político e embaixador. Tinha então 61 anos e uma vida consagrada, em boa parte, à construção de uma possibilidade que ainda nos atinge no presente em toda a sua inteireza – a de que cabe ao Estado, no quadro das políticas de serviço público, apoiar as mais diversas práticas culturais, posto que a larga maioria não encontra possibilidade de se desenvolver sem este seu auxílio.
Talvez o lance mais interessante da sua intervenção esteja no facto de muito cedo ter seduzido e convencido Oliveira Salazar de que seriam os artistas de vanguarda, os da sua própria geração, ainda relativamente jovens à época, aqueles que careciam de maior atenção e protecção do Estado Novo.
O Secretariado da Propaganda Nacional, criado ainda em 1933, é, sem margem para dúvida, a estrutura mais remota do actual Ministério da Cultura. Concebido por António Ferro, paulatinamente viria a desenvolver modalidades de enquadramento e financiamento de todos os sectores da vida cultural portuguesa, até finais dos anos 40, nele se incluindo durante vários anos também os serviços de censura.
O convívio inédito entre um regime autoritário e os representantes de uma estética não académica permitiu a invenção de novas formas de comunicação entre o Governo e as massas, daí resultando um imaginário – explorado tanto internamente quanto em grandes exposições internacionais –, baseado no culto do líder, numa multiforme exploração da herança patrimonial, mas sempre através de uma gramática modernista.
António Ferro foi o teórico e o obreiro desta importante articulação entre Poder e Arte. Os diagnósticos e soluções que foi sistematizando ao logo dos anos 30 e 40 não conheceram, até aos dias de hoje, uma problematização que se apresente como alternativa. |
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03 — Jorge de Sena, 105 anos depois da sua morte,
por Manuela Dâmaso.
A 2 de Novembro de 1919, nasceu, em Lisboa, Jorge de Sena; Jorge Cândido de Sena, filho de Maria da Luz Teles Grilo e de Augusto Raposo de Sena, comandante da marinha mercante.
Vivenciou uma infância solitária, plasmada no seu conto «Homenagem ao papagaio verde», onde podemos ler “Eu ia para a varanda conversar com o Papagaio Verde, não para lhe contar desditas que claramente não entrevia, mas para comungar numa idêntica solidão acorrentada.”
Na infância, estuda no Colégio Vasco da Gama e na adolescência, no Liceu Camões. Seguindo as directrizes do pai, aos 17 anos entra para a Escola Naval, a fim de seguir a carreira mais «alta», da Marinha de Guerra. Como primeiro classificado do seu curso, o cadete Jorge Cândido de Sena parte, no início de outubro de 1937, para a viagem de instrução no navio-escola Sagres — viagem que lhe proporciona um primeiro contacto com o continente africano, o Brasil, as Canárias, e, acima de tudo, com o mar.
«Para mim o Mar foi o que deve ter sido para muito poucos — uma realidade sonhada certa em muitos anos de criança e depois vivida e perdida em meia dúzia de meses. E perdida porque, com base em razões que eu próprio não soube nem pude dominar, ma fizeram perder.»
Jorge de Sena será excluído da Armada.
Historicamente, confluem o Estado Novo, a Guerra Civil de Espanha e a “Revolta dos Marinheiros” com os primeiros prisioneiros do campo do Tarrafal. A consciência social e humana do escritor permite-lhe reflectir criticamente sobre o mundo em que vive na sua obra literária posterior, concretamente, na poesia e na prosa. São disto exemplo, as obras Os Grão-Capitães ou Sinais de Fogo.
Por influência da mãe, estuda música, o que se tornará central para a sua produção poética. Dirá o próprio: «Foi da música que eu saltei para a poesia.»
Não podendo seguir na Marinha de Guerra, Jorge de Sena acaba por ingressar na Faculdade de Ciências de Lisboa, em Outubro de 1938, mudar, posteriormente, para a Faculdade de Engenharia do Porto, para aí terminar a licenciatura em Engenharia Civil, em 1944, ano em que lhe morrem, o pai e a avó materna.
Os anos 40, marcados pela derrota da República Espanhola, pela Segunda Guerra Mundial, pela divisão do globo em dois blocos ideológicos e político-militares antagónicos, e pela consolidação do Estado Novo em Portugal, são particularmente difíceis para Jorge de Sena, e hão de resolver-se, literariamente, na tragédia em verso O Indesejado (António, Rei).
A sua vida pessoal é, nesta altura, marcada não só pelo luto das mortes recentes do pai e da avó, como também por dificuldades económicas e problemas de saúde. Nada o impedirá, contudo, de desenvolver uma consciência política mobilizadora, ao ponto de subscrever listas públicas exigindo eleições livres. Consegue escapar à deportação para o Tarrafal graças à intervenção do diplomata brasileiro Rui Couto.
Em 1947, arranja um primeiro emprego, a prazo, nos Monumentos Nacionais e no ano seguinte entra para a Junta Autónoma de Estradas, onde permanece até se exilar no Brasil. Este trabalho permite-lhe viajar intensamente pelo País, conhecendo de perto a realidade portuguesa, e dá-lhe a estabilidade económica para, a 12 de Março de 1949, constituir família com Maria Mécia de Freitas Lopes, com quem terá 9 filhos.
Nos dez conturbados anos que vão da sua estreia literária, nas páginas de Movimento, ao seu casamento com Mécia, Jorge de Sena dá início a uma crescente atividade de crítico, colaborando com as principais revistas e jornais da década. É também crítico de teatro, e ocasionalmente de ópera, sendo cofundador dos Companheiros do Pátio das Comédias.
Dá as suas primeiras conferências, dedicadas a Rimbaud, Florbela Espanca, Pessoa e Camões. Estas duas últimas constituem o público anúncio dos estudos a que Jorge de Sena se vinha a dedicar, e que nunca mais abandonará: Luís de Camões, o modelo inspirador, e Fernando Pessoa, de quem organiza as primeiras Páginas de Doutrina Estética, Poemas Ingleses e Livro do Desassossego, que acabará por ter de abandonar, mas cuja introdução é um dos grandes textos que dedicou ao criador dos heterónimos.
Em 1956 funda a Sociedade Portuguesa de Escritores, sob direção de Aquilino Ribeiro, António Sérgio e João de Barros. Dois anos depois, em 1958, adapta ao teatro radiofónico treze textos para o programa de António Pedro, «Romance Policial», no Rádio Clube Português. Colabora com as «Terças-Feiras Clássicas», organizadas pelo Jardim Universitário de Belas-Artes, no cinema Tivoli, onde faz comentários de filmes.
Jorge de Sena dedicar-se-á também à tradução, centrada em autores de língua inglesa (ainda que não exclusivamente). O fascínio de Jorge de Sena pela Inglaterra — país que visitou pela primeira vez, em 1952, para um estágio de engenharia na Blackwood Hodge — perpassa em toda a sua obra. Desde A Literatura Inglesa aos estudos que deixou sobre Shakespeare — que, juntamente com Keats e Wordsworth — é um dos poetas anglófonos que mais estimou.
Na poesia, Jorge de Sena estreara-se, em 1942, com Perseguição, seguindo-se Coroa da Terra, Pedra Filosofal e As Evidências. Publica também teatro, nomeadamente, Amparo de mãe e Ulisseia adúltera.
A 12 de Março de 1959, Jorge de Sena vê-se envolvido no frustrado «Golpe da Sé», contra a ditadura. No governo provisório ocuparia o cargo de ministro das obras públicas. E são previsíveis consequências da gorada conspiração revolucionária. Face a um convite do governo brasileiro para participar como relator no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, organizado pela Universidade da Bahia, Sena aproveita a ocasião para se exilar no Brasil, em Agosto desse ano. Perto dos 40 anos, Jorge de Sena muda corajosa e radicalmente a sua vida, conquistando a profissão de professor universitário, a sua vocação.
Após uma série de entraves e peripécias, que lhe requerem a cidadania brasileira, é com Luís de Camões que Jorge de Sena finalmente obtém o título de Doutor em Letras e de Docente Livre de Literatura Portuguesa. A tese, «Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular», é defendida em outubro de 1964, em Araraquara.
O golpe militar brasileiro desse ano e a onda de perseguições que se lhe seguiu faz com que Sena aceite um convite da Universidade do Winsconsin, em Madison, transferindo-se para os Estados Unidos da América, em outubro de 1965. Dois anos depois é nomeado catedrático do Departamento de Espanhol e Português. A mudança de Jorge de Sena, do Brasil para os Estados Unidos fica marcada por um dos mais radicais poemas de exílio da poesia portuguesa: «Em Creta, com o Minotauro».
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04 — A presença de Jorge de Sena no arquivo histórico da Fundação António Quadros,
por Mafalda Ferro.
O acervo da Fundação António Quadros, preserva na Biblioteca, no Arquivo Histórico, na Colecção de Arte e no Arquivo SIM (som, imagem, movimento) diversos elementos que permitem completar os estudos da personalidade que foi, que é, Jorge de Sena.
Debruçamo-nos, hoje, apenas em alguns dos elementos acondicionados no Arquivo Histórico, produzidos ou/e reunidos por António Ferro, António Quadros, Maria Germana Tânger e Manuel Tânger Corrêa.
Porto, 17/6/44
Ex.mo Senhor e meu prezado Camarada
Desculpar-me-á que assim comece a escrever-lhe, invocando simultaneamente a sua condição de meu camarada nas letras e de director da Emissora Nacional. [...]
Creia que é com todo o respeito e simpatia que se subscreve, certo de que inteira reparação lhe não será negada, o Jorge de Sena.
[PT/FAQ/AFC/01/0415/00001]
Nesta carta para António Ferro, da qual publicamos apenas uns excertos, Sena alerta o destinatário para o corte efectuado pela censura numa palestra de sua autoria, sobre três antologias brasileiras recém-publicadas, proferida na Emissora.
Crítica à peça "O Indesejado (António, Rei) – tragédia em 4 actos, em verso", publicada a 23 de Abril de 1953 em «Debate», Letras e Artes, páginas dirigidas por Carlos da Maia, rúbrica "Crítica Literária". Autoria: Manuel Tânger Corrêa. [PT/FAQ/AFC/02/0359/00010]
Excerto de carta enviada, de Lisboa, por Jorge de Sena, a 9 de Maio de 1953, para Manuel Tânger Corrêa sobre a sua crítica a "O Indesejado", na qual o autor acrescentou a nota «Perdoar-me-á o papel, que outro não tenho». [PT/FAQ/AFC/01/0415/00003]
No dia 4 de Julho de 1958, a Guimarães Editores promoveu a apresentação, por Jorge de Sena,
de quatro dos seus livros de poesia. [PT/FAQ/AFC/01/1499-00001]
«Soneto de Eurydice» de Sophia de Mello Breyner Andresen, manuscrito por Jorge de Sena, enviado pelo próprio a Cecília Meireles que, por sua vez, o enviou a Maria Germana Tânger [PT/FAQ/AFC/01/0301-00079] e a sua transcrição.
Eurídice perdida que no cheiro
E nas vozes do mar procura Orfeu
Ausência que povoa terra e céu
E cobre de silêncio o mundo inteiro
Assim bebi manhãs de nevoeiro
E deixei de estar viva e de ser eu
Em procura dum rosto que era o meu
O meu rosto secreto e verdadeiro
Porém nem nas marés nem na miragem
Eu te encontrei, erguia-se somente
O rosto liso e puro da paisagem
E devagar tornei-me transparente
Como morta nascida á tua imagem
E no mundo perdida esterilmente
Manuscrito de António Quadros, sobre Jorge de Sena (excerto). Sem data. [PT/FAQ/AFC/13/01454]
Jorge de Sena foi uma das mais ricas e complexas personalidades intelectuais portuguesas do último meio século. N. em 1919 e m, em 1978, deixou uma obra notável nos mais diversos campos de expressão literária, como principalmente a poesia, a ficção, o teatro e o ensaio crítico.
Lírico reflexivo, introspectivo, por vezes satírico, interrogou incessantemente o sentido da vida e da história humana, a essência do homem e do seu destino, através de uma poética depurada, pensada, que fez dele um dos poucos filhos espirituais de Fernando Pessoa nessa área mediativa, muito embora cedo se autonomizando daquele que poderíamos considerar seu mestre inicial e sobre o qual escreveu aliás textos importantes, quer ao apresentar em 1946 as suas «Páginas de Doutrina Estética», quer no livro «O Poeta é um Fingidor» (1961) ou no magnífico prefácio aos «Poemas Ingleses» (1974). […]
Mas Jorge de Sena foi também um analista incansável da literatura portuguesa e um estudioso do processo literário, tendo nestas áreas uma bibliografia/testemunha da sua espantosa capacidade de trabalho; recordemos os seus numerosos ensaios sobre Camões, as suas introduções à literatura inglesa (que conheceu como poucos entre nós), os seus estudos sobre Rimbaud, Florbela Espanca, Maquiavel, Nuno Gonçalves, Shakespeare, T. S. Eliot, Teixeira de Pascoaes e tantos outros, não esquecendo as mais recentes «Dialécticas da Literatura» (1973).
Foi um dos principais animadores de iniciativas culturais e revistas que fizeram época, como «Mundo Literário», «Unicórnio» e «Cadernos de Poesia», sendo ainda um incómodo polemista, um lutador pela liberdade de expressão, um inquieto e inquietante dinamizador da vida cultural portuguesa. O ambiente português, pouco propício a quem tinha de viver da literatura e para a literatura, não lhe foi grato e por isso partiu em 1959 para o Brasil, onde ensinou na Universidade de S. Paulo, fixando-se a partir de 1965 até à sua morte nos Estados Unidos, primeiro na Universidade de Wisconsin, depois na Universidade da Califórnia, onde foi catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira, bem como de Literatura Comparada. […]
Mécia de Sena tem sido a obreira dedicada, inteligente e infatigável da publicação da obra inédita de Jorge de Sena, bem como da organização do que se espera virão a ser as suas «Obras Completas». É um testemunho admirável de amor e dedicação, nunca por demais realçados neste tempo de esbatidas, esfriadas relações humanas que é o nosso. […]
Sendo ainda cedo para se tentar uma interpretação global da obra multimoda de Jorge de Sena, não queremos deixar de prestar-lhe hoje e aqui a nossa homenagem pessoal. Nem sempre estivemos de acordo com os seus pontos de vista estéticos e críticos ou com um certo egocentrismo auto-valorativo, de reacção por vezes impaciente, queixosa e irritada contra a inércia, a incompreensão e as "hierarquias" do nosso meio, não raro prejudicando assim a fluência e a serenidade de alguns dos seus textos críticos ou polémicos.
Mas é preciso dizer que à sua combatividade empenhada e à sua presença criativa, arguta e sempre bem informada, nunca indiferente e sempre incitante no centro vivo dos problemas perenes e actuais da cultura portuguesa, muito fica a dever o país mental, de que todos somos ou deveríamos ser cidadãos.
Caricatura de Jorge de Sena, sobre postal,
por Rui Knopfli, 1977.
Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal.
[PT/FAQ/AFC/CA-POST/00635]
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05 — Cerimónia de entrega do Prémio António Quadros 2024.
Memória.
No passado dia 29 de Outubro, o Júri entregou a Maria João Castro
o Prémio António Quadros 2024 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
O Troféu «VIDA» é uma escultura em bronze sobre base de mogno
autoria da arquitecta Cristina Rocha Leiria
À cerimónia, associaram-se, além da Câmara Municipal de Rio Maior na pessoa de Leonor Fragoso, vereadora da Cultura, os produtores da região, habituais patrocinadores do Prémio, através das suas ofertas, nomeadamente a LOJA DO SAL, a CASA DA CALDEIRA, a ENOPORT, a DOCES D'ALDEIA e ANTONIO ELIAS MOVEIS DE MADEIRA.
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06 — Em «Boletim Folhas à solta», da Associação Agostinho da Silva, n.º 128, Setembro | Outubro 2024. Divulgação.
Lembramos Maria Violante Vieira, hoje 1 de Novembro, 109 anos após o seu nascimento, pessoa de imensa generosidade, primeira Presidente do Comité UNICEF em Portugal e, também, fundadora da Associação Agostinho da Silva, em parceria com Pedro Agostinho, filho primogénito do filósofo.
Salve Memória!
PRÓXIMOS EVENTOS a realizar na Casa de Estudos Agostinho da Silva | Rua de S. Bento n.º 227 1250 - 219 Lisboa:
16 Novembro 2024 | sábado | 17h
Apresentação da Revista Nova Águia n.º 34, por Renato Epifânio (dedicada a Agostinho da Silva, Basílio Teles, Luís de Camões).
21 Dezembro 2024 | sábado | 16h
Ciclo Autores em torno de Agostinho: Nos 30 anos da partida de Agostinho da Silva e de Fernanda de Castro. Moderadora: Maurícia Teles da Silva:
- A Obra de Fernanda de Castro e inéditos a publicar, por Mafalda Ferro
- Apresentação de: Actas do Congresso António Quadros (Centenário do seu nascimento), por Abel Lacerda Botelho e António Braz Teixeira (a confirmar)
- "A Revista Espiral - 60 anos depois (1964-2024)" | Testemunhos |
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07 — Publicações sugeridas.
Divulgação.
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08 — Livraria António Quadros
Obra em Promoção até 14 de Dezembro de 2024
Autoria: Fernanda de Castro.
Título: Teatro. [1.ª edição]
Edição — Lisboa: Círculo de Leitores, 2006.
Colecção: Obras completas de Fernanda de Castro.
Observações: Compilação de parte da obra dramatúgica da autora: «A Pedra no Lago», «A Espada de Cristal», «Maria da Lua» e «Os Cães não mordem».
PVP: 14€ |
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