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Newsletter N.º 218 / 14 de Janeiro de 2025
Direcção Mafalda Ferro Edição Fundação António Quadros
ÍNDICE

01 — Eça de Queiroz, «o cofre misterioso», em "A Amadora de Fenómenos" de António Ferro. Introdução de Mafalda Ferro.
02 — Lembrando Germana Tânger, por Mafalda Ferro.
03 — A Paixão de Fernando P., de António Quadros, nos TOP 10 de e sobre Pessoa em 2024. Divulgação.
04 — E assim terminámos 2024 na Associação Agostinho da Silva. Memória.
05 — «Loja do Sal», História, Família, Cultura e Comércio, por Mafalda Ferro.
06 — Colóquio «Pensamento e Obra de Manuel Ferreira Patrício (1938-2021)». Divulgação.
07 — Livraria António Quadros - Obra em Promoção até 14 de Fevereiro de 2024 (celebrando os 30 anos de nascimento de António Ferro): António Ferro, 120 anos.

 

EDITORIAL,
por Mafalda Ferro.

 

Desejamos a todos os nossos amigos, investigadores, colaboradores  e leitores
um excelente 2025

Terminada a nossa promoção durante o tempo de homenagem a Fernanda de Castro, informamos sobre os valores actuais de venda das três mais recentes obras editadas pela Fundação António Quadros:




A obra de António Laginha, "Os Ballets Russes em Portugal", será apresentada por Fernando Duarte, director da Companhia Nacional de Bailado, e pelo autor, no Teatro Nacional de São Carlos a 23 de Janeiro pelas 18h. Entrada livre.

 



António Telmo Vida e Obra: LEITURAS


DOS LIVROS. 78   

CORRESPONDÊNCIA. 70  


 
01 — Eça de Queiroz, «o cofre misterioso», em "A Amadora de Fenómenos" de António Ferro.
Introdução de Mafalda Ferro.


Em 2025, ano em que celebramos a vida de António Ferro, 130 anos depois do seu nascimento, dar-lhe-emos neste espaço (e noutros) especial atenção. Começaremos com o livro de contos que escreveu e publicou há cem anos, em 1925:


Falamos d'"A Amadora dos Fenómenos" de que, na Biblioteca da Fundação, existem alguns exemplares, todos com dedicatórias manuscritas do autor para esta ou aquela pessoa.

Escolhemos, hoje, o exemplar que guarda a seguinte dedicatória: Ao René Thiollier, ao amigo querido, ao Espírito brilhante, oferece "A Amadora dos Fenómenos" com muita admiração e estima, o António Ferro. (PT/FAQ/B-L/06194)

René Thiollier (1882/1968) foi um escritor brasileiro e um dos mais importantes organizadores da Semana de Arte Moderna de São Paulo no ano de 1922, ano do casamento por procuração de António Ferro, então no Brasil, com Fernanda de Castro. Pensamos que este exemplar terá voltado à família Ferro durante a longa estadia no Brasil do filho mais novo do Autor, Fernando Telles de Castro, já que foi da sua biblioteca que o referido exemplar rumou à Fundação António Quadros, oferecido por sua mulher e filhos.

O livro, editado em 1925 no Porto pela Livraria Civilização, é dedicado "À Memória de Mário de Sá-Carneiro" e tem capa de Bernardo Marques.

Folheando as páginas dos vários contos, em busca de um que me interessasse especialmente, encontrei, mesmo no fim do volume, o conto, de que já não me lembrava, «O cofre misterioso» que, repito, foi publicado há 100 anos, e que não podia ser mais actual, se pensarmos na polémica que se tem gerado em torno da transladação dos restos mortais de Eça para o Panteão, conto que não posso deixar de aqui publicar:

 

"Eça de Queirós, «vencido da vida», vitorioso da morte, vai ressuscitar.

No fundo dum velho cofre, que mais parece a mala imprevista dum prestidigitador, surgiram cinco livros inéditos desse grande D. Quixote da Ironia e do Sarcasmo que soube investir, vitoriosamente, contra os moinhos de vento...


A notícia desta grande descoberta, descoberta dum Novo Mundo de Sensibilidade, agitou, singularmente, o nosso meio literário. O feliz achado toma as proporções dum milagre. Eça de Queirós ressuscita. Sentimo-lo perto de nós, a atravessar o Chiado, perfil longo e triste, vagamente curvado, atitude que lhe ficou de ter estado tanto tempo com a Verdade nos braços...


Que cofre foi esse em que foram encontrados os inéditos do romancista? Quem os encontrou? Por que razão o cofre ainda não fora aberto? O que são os inéditos de Eça de Queirós? O cofre em que rompeu, de novo, o sol brilhante e mordaz do monóculo de Eça de Queirós - ex-libris de toda a sua arte - foi um cofre de ferro, sarcófago de recordações, cofre onde velhos papeis, números soltos de revistas, gravatas mortas, livros amarelecidos fizeram ninho aos dois romances inéditos, às duas obras cantantes... O cofre ainda não fora aberto ou, pelo menos, ainda não fora desvendado, porque os filhos de Eça de Queirós, retratos admiráveis de seu pai, tendo partido para destinos diferentes, só agora voltaram a encontrar-se.


Uma saudade criadora, uma saudade que, só por si, tinha a força duma ressurreição, levou-os junto do cofre misterioso onde ficaram debruçados como se aquele cofre fosse um túmulo, um túmulo vivo... Não se enganaram. Quando as suas mãos saudosas mergulharam no fundo do cofre, esperando trazer punhados de cinzas, regressaram à luz trazendo a carne viva das cinco obras póstumas, obras que talvez Eça de Queirós tivesse escrito na morte, no sossego da morte, e tivesse vindo colocar ali, como aqueles pais extremosos que, na noite de Natal, entregam o mundo aos filhos no fundo dum velho sapato... Verificado o conteúdo, o maravilhoso cofre vai ser despachado para a imortalidade pelos editores a quem for confiado. Será a mala de Eça de Queirós que fará pagar mais direitos, mais direitos de autor...


Eça de Queirós vai ser um vient-de-paraître. Vai ressuscitar nas vitrines, nas críticas literárias, nas primeiras páginas dos jornais. Vai ser discutido. Vai existir, portanto. Os quatro ou cinco livros, que sucessivamente irão aparecendo, nada acrescentarão à glória do grande escritor. Entretanto, chegariam para fazer a glória dum romancista.


Os dois romances de Eça de Queirós são anteriores aos outros romances. Este Eça de Queirós, portanto, que vem agora ter connosco, é um Eça de Queirós de vinte e tantos anos que nós não conhecemos ainda, um romancista que morreu durante a vida do próprio Eça. O escritor envia-nos, do túmulo, a sua mocidade.


A estátua da Verdade, no Largo Barão de Quintela, apareceu, um dia, com alguns dedos. quebrados. Por mais que se procurassem não foi possível encontrá-los. Sabe-se agora onde estavam... Os dedos da Verdade de Eça de Queirós, as suas últimas obras, foram esconder-se no fundo do velho cofre de ferro e ali ficaram aguardando a hora do desencanto. A obra de Teixeira Lopes pode ser restaurada. A obra de Eça de Queirós é uma verdade completa."

 

Nota adicional

Em 1925, a grafia da palavra Queirós utilizada por Ferro, é diferente da que virá a utilizar no ano de 1949 em "Eça de Queiroz e o centenário do seu nascimento", colecção «Política do Espírito», edições SNI.

 

02 — Lembrando Germana Tânger,
por Mafalda Ferro.


Maria Germana Dias da Silva Moreira (1920-2018) nasceu e morreu no mês de Janeiro (1920-2018). É este, portanto, o mês certo para lembrarmos a Mulher que percorreu Portugal e viajou por quatro dos cinco continentes, dizendo e divulgando a poesia portuguesa, a Mulher que, para o fazer, utilizou todos os meios ao seu alcance: a «Pró-Arte», a televisão, a rádio,  o teatro, os saraus, os palcos, a representação, as viagens, a aprendizagem e o ensino. É possível que outros o tenham feito mas nenhum outro com a sua paixão, energia e talento. Outra das suas grandes paixões, desde muito cedo, é o Teatro nas suas múltiplas vertentes.

Em 1929, com 9 anos começa a frequentar o liceu Passos Manuel e, no mesmo ano, perde o pai. A partir de então, o seu tutor e educador foi Egas Moniz, primo de sua mãe, que essa responsabilidade informal assumiu diligentemente almoçando com a "sobrinha" todas as quintas-feiras para se inteirar do que lhe ia acontecendo, para a aconselhar e conversar. Com 20 anos, começa a trabalhar no escritório da Sacor (refinaria) para ajudar nas contas da família.


A solidão aumenta quando, com 25 anos, morre a sua mãe, Palmira Antonieta Dias Moreira e, dez anos depois (1955), o seu amigo, tutor e confidente, Egas Moniz.


No ano seguinte ao da morte da mãe, frequentando a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), encontra pela primeira vez, Manuel Tânger Corrêa (MTC), investigador que dirigia o «Grupo de Teatro Moderno» da referida Faculdade (1926). Apaixonam-se e, no  dia 31 de Julho de 1948, casam. Maria Germana não termina o curso e, desde então, passa a ser conhecida e a assinar Maria Germana Tânger ou, simplesmente, Germana Tânger. Quatro anos depois, nasce António Tânger Corrêa que, depois da morte de sua mãe, em 2018, viria a doar o seu espólio à Fundação António Quadros, cumprindo assim uma das suas últimas vontades já que Germana Tânger (GT) e Fernanda de Castro (FC) foram amigas durante quase toda a vida. Aliás, já com 12 anos, GT dizia poemas de várias autorias, entre elas de FC que ainda não conhecia. 20 anos de idade, as separavam...


GT partilhou com FC e com seu filho António Quadros uma relação de amizade, admiração e colaboração. O seu filho era (e é) amigo dos netos de FC nos quais, evidentemente me incluo.

Mas para além da relação de amizade entre as duas famílias, existia uma empatia  baseada em profundos e comuns interesses culturais dos quais se destacava a poesia, a admiração pelos poetas na sua especial forma de escrever.


O seu casamento foi feliz, foi amada e teve sempre como figura central, como polo de união, o filho e, também, a paixão que ambos partilhavam pelo teatro (como referido).


No entanto, GT foi-se habituando a viver com as frequentes ausências de MTC não só devido às suas idas aos Açores, sua terra natal, como aos frequentes e prolongados internamentos em sanatórios e, ainda, enquanto diplomata e leitor em diversos países. 
MTC, por sua vez, entendia as constantes viagens de sua mulher que continuava a correr mundo levando na bagagem os seus poetas.

Alternando com as deslocações e as viagens de ambos, havia estadias em Portugal, visitas ao estrangeiro, havia as suas casas, primeiro em Lisboa, depois em Queluz e, mais tarde, em Sintra e, de novo em Lisboa. Estas últimas, espaços de tertúlia, de saraus e de  reencontro com amigos e admiradores. E, para ambos, acima de tudo, havia o filho, o seu querido filho.


Esta situação deu origem a uma maior solidão do casal, a uma contínua relação epistolar entre os três membros da família e a que GT se fosse tornando cada vez mais independente e até, dizia-se, mais senhora do seu nariz.


A 20 de Janeiro de 1975, MTC morre em Espanha. Tinha 61 anos, ia encontrar-se com o filho.


Depois de sofrer profundamente a morte dos pais e de Egas Moniz, GT é de novo abandonada definitivamente por alguém, para si, muito importante.


O seu percurso profissional passa pela revista «Eva», pela Raret, pela RTP, pela «Pró-Arte», pelo Conservatório Nacional, pela Emissora Nacional, entre outros. É convidada/contratada constantemente a escrever, representar, declamar ou ler prosa, teatro e poesia em Lisboa, Açores, por todo o país e por vários continentes. No dia 17 de Janeiro de 1962, é informada pelo Sindicato Nacional dos Artistas Teatrais sobre a decisão, face aos termos da sua exposição, de, não havendo a classificação de «declamadora» nas categorias profissionais reconhecidas pelo regulamento da carteira profissional, lhe ter sido concedido, a título excepcional, a mudança de categoria de "artista de variedades" para "artista de género dramático", sendo-lhe enviada a respectiva declaração oito dias depois. (FAQ/01/0657/00002).


Conhece, priva, colabora e é amiga, além de lhes divulgar a poesia e a prosa, da maioria dos grandes intelectuais, seus contemporâneos.


Interpreta e divulga poesia de centenas de poetas como, entre muitos outros, Almada Negreiros, Sophia de Mello Breyner, José Régio, Jorge de Sena, Fernanda de Castro, Miguel Torga, Cecília Meirelles, Alfredo Guisado, Fernando Pessoa, António Manuel Couto Viana, Herlander Peyroteo, João de Barros, Casais Monteiro, Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira, Frei Agostinho da Cruz, Antero de Quental, Carlos Queiroz, Eugénio de Castro, Camões, António Sardinha, Conde de Monsaraz, Florbela Espanca, Bocage, Sebastião da Gama, Ângelo de Lima, Sá-Carneiro e Edgar Poe, António Feijó, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Jorge Barbosa.


Em Novembro de 1959, no Teatro da Trindade em Lisboa, no 24.º aniversário da morte do Poeta, declama «Ode Marítima» de Álvaro de Campos interpretando pela primeira vez na íntegra e de cor os quase mil versos, assistida pelo actor Francisco Ribeiro. Repete a proeza dois anos depois em Ponta Delgada, o que leva Armando Cortes Rodrigues a escrever: «À Maria Germana Tânger, enternecidamente, pelo muito que a admiro, reconhecidamente, por ter revelado à gente desta ilha, onde nasceu e morreu Antero, o génio poético de Fernando Pessoa».


Em 2013, o Teatro Nacional D. Maria II assina o «Dia Mundial da Poesia» com a celebração da sua carreira e a inscrição do seu nome, numa placa junto ao Salão Nobre. A sessão reuniu à sua volta amigos, admiradores, alunos....


Em Abril de 2016, celebrando os seus 96 anos, lança o livro «Vidas numa Vida» (editora Manufactura) que assim termina: «"Por último, assim resumo a minha vida", tanta surpresa, tanta dedicação, tanto amor, tanta amizade, tanta desilusão, tanta força, tanta alegria, tanta esperança, tanta rebeldia, tanto desgosto, tanta saudade».

No dia 22 de Janeiro de 2018, o seu querido amigo, aluno e colaborador, João Grosso, que diariamente a visita em sua casa ao fim do dia, vê-a partir deste mundo, com 98 anos de idade. O corpo de Maria Germana Dias Tânger Corrêa descansa em Queluz, como o de seu marido.


Em 2014, sobre Maria Germana, Duarte Ivo Cruz escreveu um texto de que muito gosto:


Nas lembranças de professores do Conservatório Nacional, recordo Maria Germana Tanger, cuja cadeira de Arte de Dizer não frequentei, mas acompanhei a sua acção didática e artística, designadamente através da realização de espectáculos, audições e provas de alunos que desde logo marcaram a sua entrada na Escola.

E não só: Maria Germana era já na altura um grande nome no profissionalismo teatral português, não como actriz mas como declamadora e divulgadora da poesia, em espectáculos e performances em que tantas e tantas vezes se apresentava sozinha, no palco, a declamar poesia. No Teatro da Trindade, por exemplo, uma placa assinala os 40 anos da apresentação da Ode Marítima, inesquecível espetáculo de uma só pessoa, ou melhor, de duas pessoas, Germana que declamou, e Fernando Pessoa, que escreveu


Mas para quem assistiu, é inesquecível!


A sua passagem pela Faculdade de Letras de Lisboa, nos anos 40, será aqui evocada mais pela cultura literária e pela iniciação profissional do que pelos estudos propriamente ditos. Mas serviu para lhe dar uma bagagem didática, que aprofundou em Paris com George Le Roy. E na sequência, foi titular de estudos camonianos na Sorbonne.


Germana Tanger marcou ainda os primeiros programas culturais da RTP e também da EN/RDP. E desenvolveu uma carreira internacional de declamadora, junto de entidades ligadas ao ensino da língua e da cultura portuguesa ou das comunidades portuguesas.


E nesse aspecto, muito lhe ficaram devendo os grandes nomes da literatura, a começar por Almada, Régio, Torga, Sophia, e, em geral, os poetas contemporâneos mas também, os clássicos, que declamou, com um talento inesquecível, pelo mundo cultural capaz de entender e apreciar a poesia portuguesa.

Não sendo possível escrever sobre tudo o que fez, tudo o que foi, neste espaço, informamos que a cronologia biográfica de Germana Tânger está patente no Site da Fundação AQUI

 

03 — A Paixão de Fernando P., de António Quadros, nos TOP10 de e sobre Pessoa, 
Divulgação.


O romance de António Quadros "A Paixão de Fernando P.", 2.ª edição, foi mencionado por Ricardo Belo Morais (RBM) na «Rádio Movimento», no seu Top 10 Livros de e sobre Fernando Pessoa, publicados em Portugal e em português, no ano de 2024.

Felicitamos os autores, também integrados na referida lista, aqui publicada, por ordem alfabética e como referido por RBM sem qualquer outra ordem:

  • “A Marginalia de Fernando Pessoa”, de Maria do Céu Estibeira (Edições Vieira da Silva);
  • “A Paixão de Fernando P. – 2.ª edição revista e aumentada”, de António Quadros (Fundação António Quadros);
  • “Cesariny e o Monstro Pessoa - (re)visões de Fernando Pessoa na obra de Mário Cesariny (1944-2006)”, de Rui Sousa (Tinta-da-China);
  • “Envelopes Filosóficos: Filosofia & Heteronímia”, de Cláudia Souza, Paulo Borges, Maria Celeste Natário, Nuno Ribeiro, Fernando Pessoa (Instituto de Filosofia Universidade do Porto, U.Porto Press);
  • “Fernando Pessoa – O Menino que Sonhava”, texto de André F. Morgado, ilustrações de Tainan Rocha (A Seita /Bicho Carpinteiro);
  • “Fernando Pessoa – O Mítico Oriente do Si Mesmo”, de Adalberto Alves (Âncora Editora);
  • “Mensagem em BD”, de Fernando Pessoa com adaptação de Pedro Vieira de Moura; ilustrações de Susa Monteiro; dossier pedagógico de Ricardo Belo de Morais (Levoir/RTP);
  • “Ostensivo e Reservado - Leituras de Pessoa”, de Pedro Sepúlveda (INCM)
  • “Quaresma, o Decifrador – A Morte de Dom João”, de Mário André, Fernando Pessoa (Kustom Rats);
  • “Transição”, de Ricardo Belo de Morais (Edições Húmus).
 
04 — E assim terminámos 2024 na Associação Agostinho da Silva.
Memória.

 

No passado dia 21 de Dezembro, Maurícia Teles, presidente da Associação Agostinho da Silva, organizou nas suas instalações uma tertúlia de homenagem a António Quadros no encerramento do seu centenário de nascimento e a Agostinho da Silva e Fernanda de Castro, ambos desaparecidos do nosso convívio há 30 anos.


Os temas «António Quadros nos cem anos da sua morte» e a sua relação com Agostinho da Silva (AAS), bem como a vida de Fernanda de Castro e as últimas edições da Fundação António Quadros de obras de sua autoria, foram apresentados por Abel de Lacerda Coelho, Maurícia Teles e Mafalda Ferro. Madalena Ferreira Jordão partilhou ainda um testemunho fruto de uma convivência e amizade de 40 anos com Fernanda de Castro. Visualizou-se ainda  uma apresentação sobre os 60 anos da revista «Espiral» (1964-2024). Foi, posteriormente, servido pela AAS, em agradável companhia, um lanche tipicamente português. 

 
05 — «Loja do Sal», História, Família, Cultura e Comércio,
por Mafalda Ferro.


Quando, pela primeira vez, visitei as Salinas de Rio Maior, localmente conhecidas por Marinhas do Sal, deparei-me com a «Loja do Sal». Situada à esquerda de quem desce (3.º espaço comercial), a seguir à oficina do Sr. Elias (1.º espaço), responsável pela manutenção e construção do artesanato e construções em madeira das Salinas.


Entrei.

O ambiente pareceu-me de imediato familiar e aconchegante. Gostei.


A arquitectura interior e exterior, mantendo a traça dos antigos armazéns de sal, é rústica com toques de modernidade. Numa das paredes, retratos de família não só dos actuais proprietários como dos seus ascendentes, fundadores da empresa.


Quis saber mais.

A «Loja do Sal» é realmente uma empresa familiar que preserva vivas as tradições e a história de uma família, já na quarta geração de gestores.

Em 1865, há quase 160 anos, a família geria uma pequena taberna sazonal, já que era maioritariamente frequentada no tempo quente pelos salineiros, que pagavam o consumo em sal, como era costume na época.

De taberna em adega, de adega em ponto de comércio de sal, a empresa foi progredindo até se transformar na «Loja do Sal» que hoje conhecemos.

Emília Crisóstomo, 
cujo pai fora um dos fundadores da Cooperativa Agrícola de Produtores de Sal de Rio Maior, juntou-se à família Lopes pelo seu casamento com Fernando Lopes. Desta união, nasceram dois filhos: Luís e João Henriques Lopes, que gerem hoje a empresa com o incontornável apoio de seus pais.

Devido a uma eficaz campanha de marketing mas também a diversos outros factores como acolhimento, selecção e produção de produtos, imaginação e criatividade, a empresa divulga e comercializa essencialmente produtos de sal: sal com ervas aromáticas, temperos de carne e peixe, queijos de sal e aromatizados, chocolate e outros doces com sal, bacalhau salgado mas também produtos regionais como compotas, azeite, mel, vinho, licores, e peças de artesanato.


O sal que utilizam nos produtos que fabricam é recolhido em talhos próprios, já que a referida  família é a que detém maior número de talhos, ou campos de sal, como gosto de lhes chamar.


O sal proveniente das salinas de Rio Maior era essencialmente exportado para a Alemanha e vendido na loja do Sal mas, alguns anos volvidos, existem hoje muitas dezenas de lojas de revenda da marca «Loja do Sal» que comercializam os produtos não só em Portugal mas também em países como França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Holanda e EUA.


Esta evolução além fronteiras deve-se à forma como a família procede à recolha, embalagem, conservação e comercialização do sal; todos os cuidados são acautelados, de forma a garantir um nível de excelência na qualidade do sal, qualidade, aliás, visível na extrema brancura e no sabor do produto.


Em 2009, foi criada a marca «Loja do Sal» que, 100% portuguesa, aposta, como já referido, na inovação, na História e no respeito da natureza e das tradições.


A «Loja do Sal» é, de facto, uma empresa que aprendeu com o tempo, com a experiência e com a História, evoluindo até aos nossos dias e levando mais longe a imagem das salinas e do município de Rio Maior.


Não deixe de conhecer e aprender sobre o sal sem mar e as salinas em Rio Maior. Eles explicam:

 
A FAMÍLIA LOPES


Emília Henriques Lopes, Fernando Lopes, João Henriques Lopes e Luís Henriques Lopes

 
06 — Colóquio «Pensamento e Obra de Manuel Ferreira Patrício (1938-2021)».
Divulgação.

 

O Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora, em parceria com o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e o Movimento Internacional Lusófono, irá realizar, a 30 de Janeiro, na Biblioteca Nacional de Portugal, e a 31 de Janeiro de 2025, na Universidade de Évora, um Colóquio sobre o Pensamento e Obra de Manuel Ferreira Patrício (1938-2021), que se tornou entretanto mais acessível com a recente edição das suas “Obras Escolhidas” (Ed. MIL, 6 volumes).

 

30 de Janeiro: Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa). Entrada Livre. Participantes: José Esteves Pereira, António Braz Teixeira. José Carlos Pereira, Luísa Borges, Annabela Rita, António José Borges, Fabrizio Boscaglia, Maria Leonor Xavier, Jorge Teixeira da Cunha, Jorge Chichorro Rodrigues, Maria de Lourdes Sirgado Ganho, Rui Lopo.


31 de Janeiro: Colégio do Espírito Santo (Universidade de Évora).
Entrada Livre. Participantes: Luís Sebastião, Luísa Branco, Margarida Almeida Amoedo, Samuel Dimas, César Tomé. Elísio Gala, Emanuel Oliveira Medeiros, Renato Epifânio.

 

Instituto de Filosofia Luso-Brasileira

Sítio: iflb.webnode.page

Endereço: iflbgeral@gmail.com

Contacto: 213241470/ 967044286

 
07 — Livraria António Quadros
Obra em Promoção até 14 de Fevereiro de 2025 (celebrando os 130 anos de nascimento de António Ferro).

 

Coordenação: Mafalda Ferro.

Título: António Ferro: 120 anos.

Edição — Rio Maior: Edições Fundação António Quadros, 2024.

Coordenação e Organização: Mafalda Ferro.

Prefácio: Alfredo Magalhães Ramalho.

Textos: Ana Filomena Figueiredo, António Cardiello, Ernesto Castro Leal, Guilherme Oliveira Martins¸ José Carlos Calazans, José Guilherme Victorino¸ Lauro António¸ Madalena Ferreira Jordão¸ Mafalda Ferro¸ Manuel Vilaverde Cabral¸ Paulo Ribeiro Baptista, Raquel Henriques da Silva, Rita Almeida Carvalho, Rosa Paula Rocha Pinto, Sérgio Avelar Duarte, Teresa Rita Lopes, Vera Marques Alves.

PVP: 12€

 
 
     
 
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