01 — Biografia resumida de António Ferro, capítulo II (1933-1939),
por Mafalda Ferro
1933 foi um ano de viragem para António Ferro.
No ano anterior, o «Diário de Notícias» publicara as cinco entrevistas que fizera a Salazar e que viriam a ser editadas em volume, logo no início de 1933, com prefácio do próprio Salazar. A obra, Salazar, o Homem e a sua Obra, obteve um enorme êxito, tendo sido diversas vezes reeditada, até 1939, em francês, inglês, espanhol, italiano, polaco e concani.
Estas entrevistas haviam-se revelado uma jornada de conhecimento mútuo, uma jornada em que ambos sem que talvez disso, intelectualmente, se apercebessem, sentiram o quão proveitosa uma ligação entre os dois poderia vir a ser. Salazar gostou da abertura demonstrada por António Ferro para introduzir as alterações por ele sugeridas — e foram muitas — como se pode comprovar nos dactiloscritos com rectificações manuscritas por Salazar, preservados na Fundação António Quadros [FAQ/04/00455].
E foi assim, deste encontro da minha fome de acção, da minha audácia, já então reflectida, com o espírito construtivo, compreensivo e sereno de Salazar, que nasceu o Secretariado da Propaganda Nacional.
António Ferro, em Catorze anos de Política do Espírito, 1948, p. 25.
No mesmo ano, publicou em Prefácio da República Hespanhola as entrevistas que realizou em 1930 a personalidades espanholas como Miguel de Unamuno, Ortega y Gasset, Ramón de Valle-Inclán, Sánchez Guerra, Indaleccio Prieto e Marcelino Domingo. O autor dedicou este livro "Aos meus amigos Enrique Diez-Canedo, Eugénio Montes, Giménez Caballero, Fernando Quintanar, Joan Esterlich, Manuel Bueno, Ramón Gómez de la Serna, Wenceslao Férnandez-Flórez, que dou como testemunhas do meu amor pela Espanha". No fim do volume, confessa:
As provas deste livro adormeceram, durante meses, num esconderijo da minha secretária. Sabia bem onde elas estavam, mas fingia ignorá-lo. Tinha medo, confesso, que a publicação deste simples documentário provocasse animosidades injustas, extemporâneas, e que se julgasse que eu pretendia reacender um assunto morto, quando a minha intenção, pelo contrário, era a de arrumar, definitivamente, algumas semanas agitadas, combativas, da minha carreira de jornalista internacional. [...]
Salazar convidou António Ferro para dirigir o novo organismo que tinha em mente, o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) que viria a ser inaugurado ainda nesse ano, a 26 de Outubro, data em que Ferro assumiu o cargo que lhe fora proposto, tornando-se então funcionário público.
Do nosso ponto de vista, António Ferro terá aceitado o cargo, por acreditar que com o beneplácito de Salazar poderia criar projectos sonhados de acordo com as próprias convicções, em prol do crescimento cultural do país mas, também, por acreditar que o seu trabalho se desenrolaria também na esfera do jornalismo. O facto é que o trabalho que começou por realizar não era verdadeiro jornalismo, era apenas um executar de tarefas associadas à feitura, tratamento e registo da imprensa publicada em Portugal ou no estrangeiro sobre Portugal e também ao tratamento e publicação dos discursos de Salazar.
No entanto, levou consigo muitas das suas paixões como o amor pelo modernismo, pela arte popular, pelo turismo, por Portugal e pela sua cultura, a paixão pelas viagens e a vontade de intervir, de realizar.
Estratégica e rapidamente, Ferro foi ampliando o âmbito do SPN e concretizando um conjunto de acções ligadas à cultura e ao turismo, temas que realmente o apaixonavam. Salazar acolheu essas iniciativas como parte do seu próprio plano de propaganda sem se aperceber (ou talvez sim) que Ferro, apesar dos objectivos políticos inerentes, tinha uma missão na qual acreditava profundamente: a construção de um Plano Cultural que desse a conhecer aquém e além mar o que de melhor existia e se fazia em Portugal, que desenvolvesse os costumes tradicionais, a arte popular, a auto-estima do povo e que colocasse Portugal no centro da Europa. António Ferro era um Homem do Mundo mas o seu coração e a sua alma eram portugueses.
No âmbito da sua «Politica do Espirito», António Ferro criou, em 1934, os Prémios Literários do SPN, insistindo nesse ano com Fernando Pessoa para que se candidatasse ao Prémio Antero de Quental, na categoria “melhor livro de versos”, apresentando a concurso a sua obra “Mensagem”. Apesar do seu incontestável valor, a obra não foi admitida a concurso porque lhe faltavam 4 páginas para a dimensão que o regulamento determinava como mínima (100 páginas). Apesar disso, “Mensagem” acabaria por ser premiada com o mesmo valor pecuniário mas na categoria de “Poema ou poesia solta”.
No âmbito da sua «Política do Espírito», António Ferro foi, por diversas vias, conseguindo dar trabalho e apoiar intelectuais, músicos, artistas plásticos e dramáticos, independentemente de orientações políticas, sexuais, sociais ou religiosas. Aliás, durante os 16 anos que trabalhou no SPN — que, em 1944, viria a ser substituído pelo Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI) — muitos foram os projectos que idealizou e viu concretizados.
Salazar confiava em Ferro para colmatar os seus pontos fracos no que tocava à cultura e às relações sociais e internacionais. Ferro, por sua vez, queria, ao abrigo da sua posição no SPN/SNI, concretizar a sua «Política do Espírito».
Em Outubro de 1934, António Ferro, com Fernanda de Castro, deslocou-se a Roma para, no dia 10, participar no Convénio «Volta», reunião internacional sobre teatro dramático. António Ferro apresentou uma das mais importantes comunicações do Convénio, sobre o proposto sistema de espectáculos públicos em Portugal.
No mesmo ano, promoveu uma «Quinzena Cultural» em Londres levando consigo, além de concertistas e conferencistas, os Pauliteiros de Miranda. Em 1935, promoveu também uma “Quinzena Cultural”, desta feita em Genebra, na qual apresentou uma exposição de Arte Popular Portuguesa que viria a repetir, posteriormente, na sede do SPN.
Ainda nesse ano, Ferro voltou a convidar um grupo de intelectuais estrangeiros, do qual faziam parte, entre outros, Miguel de Unamuno, Luigi Pirandello, Gabriela Mistral, Maurice Maeterlink, François Mauriac, Georges Duhamel e Ramiro de Maeztu, a visitar Portugal e organizou, em seu benefício, uma digressão pelo país, apresentando-lhes os bairros antigos de Lisboa, a Estufa-Fria, Sintra, Cúria, Coimbra, Viana do Castelo, etc... Em Belém, os visitantes assistiram a um torneio medieval no Mosteiro dos Jerónimos que, encenado por Leitão de Barros, encantou os convidados.
1935, foi também o ano em que António Ferro começou a organizar as exposições de Arte Moderna do SPN, realizadas inicialmente da SNBA, e que, sob a sua direcção, se prolongariam até 1950, e a atribuir prémios artísticos.
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A 20 de Fevereiro deste ano, António Ferro estreou, com a presença de Félix Ribeiro, director da Secção Cinematográfica do SPN, e de Guilherme de Vasconcelos, na sala do Sindicato dos Caixeiros de Lisboa, os Cinemas Ambulantes ou Cinemas Populares Ambulantes do SPN que, até 1950, percorreram vilas e aldeias de Portugal.
No entanto, segundo Heloísa Paulo, a primeira grande digressão só viria a acontecer no primeiro semestre de 1937 e, nesse período “realizaram-se 127 sessões, onze das quais foram durante o dia, destinadas ao público infantil […], os camiões do SPN visitaram 74 povoações e pequenas aldeias, cujos habitantes não conheciam a existência do cinema".
A 15 de Junho de 1936, António Ferro inaugurou no Jardim da Estrela, em Lisboa, o Teatro do Povo, iniciativa do SPN, sob a direcção do etnógrafo Francisco Lage e do actor Francisco Ribeiro (Ribeirinho). Nesse primeiro dia, o espectáculo incluiu o episódio histórico de Carlos Selvagem “Cavalgada nas nuvens”, “Os Três Desejos” de Armando Vieira Pinto, “Um pedido de Casamento” de Anton Tchekov, e outros momentos dramáticos. Este teatro ambulante percorreu o país durante alguns anos, levando excelentes espectáculos com peças de dramaturgos clássicos e contemporâneos às cidades, vilas e aldeias do interior do país. Essa companhia viria a chamar-se Teatro Nacional Popular.
A 13 de Março de 1936, Ferro participou, em Paris, no Ciclo de Conferências «Rive Gauche» no Théâtre du Vieux-Colombier - René Rocher, ao lado de nomes como Pierre Mauriac, Jean Cocteau, Vuillermoz, Regina-Camier, Raoul Dautry, Lucien Dubech e Salvador Dali, tendo proferido uma conferência subordinada ao tema “Un Dictateur Juridique: Salazar”. A 5 de Abril do mesmo ano, de visita à Polónia, na Sociedade Polaco-portuguesa, apresentou uma conferência sobre Salazar, sob o alto patrocínio do Ministro Plenipotenciário César de Sousa Mendes [irmão gémeo de Aristides e Embaixador de Portugal em Varsóvia].
Quando o poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca, uma das primeiras vítimas da guerra civil espanhola, é assassinado, no dia 19 de Agosto de 1936, Ferro, então presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas, revolta-se e, no dia 11 de Setembro, publicou no «Diário da Manhã» o artigo “Quem protesta?” não só contra esse assassinato, como também, dos demais intelectuais espanhóis. Este protesto mereceu a adesão da maioria dos intelectuais portugueses que se insurgiu contra esses crimes. Assinaram o protesto; entre outros, Alberto Osório de Castro; Alfredo da Cunha; Alfredo da Rocha Peixota; António Homem de Mello; António Tavares de Sousa; Armando Bayly; Augusto Cunha; Augusto Morna; Branca de Gonta Colaço; Caetano Teixeira de Aragão; Carlos Cilia; Celestino Augusto Tocha, escultor; Conde da Esperança; Conde de Águeda; Cottinelli Telmo; Cunha Leão; Diniz Bordalo Pinheiro; Gastão de Bettencourt; J. Lobo d´Ávila; Joaquim António Viegas; Jorge Colaço; José Blanc de Portugal; Maria de Carvalho; Maria Madeira da Costa; Mário Cardia; Mário Costa Pinto; Martinho da Fonseca; Pestana de Vasconcelos; Samuel Maia; Silva Couto; Silva e Costa; Sousa Júnior; Teixeira Cabral; Vasco Mendonça Alves. António Ferro enviou o protesto, acompanhado de uma carta sua e da lista de assinaturas ao Instituto de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações e solicitou a sua publicação a diversos órgãos de imprensa estrangeiros.
Em 1937, António Ferro (sob o pseudónimo de Jorge Afonso) e António Lopes Ribeiro (por sua vez sob o pseudónimo de Baltasar Fernandes) escreveram o argumento do filme A Revolução de Maio, realizado por Lopes Ribeiro. Este filme, de propaganda do Estado Novo, estreou-se no cinema Tivoli a 6 de Junho e viria a ter ampla exibição na Exposição Internacional de Paris, para os visitantes do Pavilhão de Portugal.
António Ferro usou, ao longo da sua vida, vários pseudónimos. Além de Jorge Afonso como já foi referido, assinou uma colecção de artigos intitulada “O Homem das Multidões” com o pseudónimo de Vasco Afonso. Utilizou ainda, noutras situações, os pseudónimos Cardeal Diabo, Fradique Mendes e João da Ega.
Tendo assumido o comissariado da Exposição Internacional de Paris de 1937, certame de “Artes e Técnicas na Vida Moderna”, Ferro reuniu uma famosa equipa de artistas modernos responsáveis pelo Pavilhão de Portugal, com oito salas temáticas (Estado, Realizações, Obras Públicas, Ultramar, Arte Popular, Riquezas, Ciência, Turismo) distribuídas por dois andares. O Pavilhão foi projectado e decorado por Jorge Segurado, Keil do Amaral, Bernardo Marques, Carlos Botelho, António Soares, Tom, Estrela Faria, Fred Kradolfer, Mário Novaes, José Rocha e Manuel Lapa. A sala de «Arte Popular» do Pavilhão de Portugal recebe o Grand-Prix da Exposição. A 22 de Julho de 1938, Ferro foi condecorado pela Républica Francesa, Comendador da Ordre National de la Légion d' Honneur.
Entretanto, a 24 de Fevereiro de 1938, já a pensar na futura Exposição internacional de Nova Iorque, Ferro redige o relatório “Explicação prévia“ em nome e por delegação de Alberto de Oliveira, Silveira e Castro, Reynaldo dos Santos, Duarte Pacheco, Gomes da Silva, Manuel Múrias, Henrique Galvão e Pardal Monteiro.
Em Abril, começa a seleccionar a Comissão Organizadora das Festas do Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, convidando Quirino da Fonseca e Providencia da Costa.
Em 1938, concebe e organiza o Concurso da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal cujo troféu, o «Galo de Prata», foi atribuído a Monsanto. Deste troféu, autoria de Abel Pereira da Silva, foram produzidos dois exemplares. O primeiro foi entregue aos representantes da aldeia de Monsanto na Gala de 4 de Fevereiro de 1939 no Teatro Nacional, em Lisboa, sendo que uma réplica pode ainda hoje ser vista no cimo da Torre do Relógio ou de Lucano da Igreja de Monsanto. O segundo viria a ser colocado em 1948 à entrada do Museu de Arte Popular.
Desloca-se aos Estados Unidos para, a 14 de Novembro de 1938, comparecer à cerimónia de lançamento da 1.ª pedra do Pavilhão Português da Exposição Internacional de Nova Iorque que viria a ser inaugurada em 1939. A 24 de Março de 1938, recebe e fala à colónia portuguesa no Hotel Saint Moritz em Nova Iorque.
Enquanto director do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) desde 1933, António Ferro continua a trabalhar em prol da cultura, promovendo e divulgando a obra de artistas e intelectuais portugueses e, também, chamando a Portugal ou recebendo e homenageando personalidades estrangeiras de passagem por Portugal:
Em Janeiro de 1939, institui um concurso e um júri para selecção do emblema tipográfico das comemorações centenárias.
Em 1939, promove no SPN exposições de artistas como Bensaúde (18.01.1939), Júlio de Sousa (01.03.1939), Lima Cruz (12.04.1939), entre outros.
Em Novembro, no dia 19, inaugura o primeiro posto fronteiriço de Vilar Formoso que, em Junho do ano seguinte, segundo Margarida Magalhães Ramalho (em «Expresso», 6 de Junho de 2015), se torna a derradeira etapa antes da liberdade. Os nazis avançam pela Europa e milhares de pessoas fugiram através de Portugal.
Na estação de Caminhos-de-ferro de Vilar Formoso, a 19 de Novembro de 1939, o Secretariado da Propaganda Nacional com o apoio da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, inaugurou o primeiro dos postos de turismo fronteiriços, o de Vilar Formoso. António Ferro fez-se acompanhar por Guilherme Pereira de Carvalho e por Jaime de Carvalho. Estiveram presentes altas individualidades de Vilar Formoso e da vizinha Espanha.
Em «Gazeta dos Caminhos de Ferro» n.º 1247, Dezembro de 1939.
Segundo Teresa Figueiredo Caeiro, o seu tio-avô Fausto Cardoso de Figueiredo, beirão daquela zona, pessoa que muito fez pelo turismo apoiado pelos Caminhos-de-ferro de Portugal que também dirigia, também terá estado na inauguração dos Caminhos de Ferro da Beira Alta.
Segundo Manuel Cargaleiro e José Sommer Ribeiro no programa televisivo «Vieira da Silva - A Memória do Mundo», produzido pela Bebop Comunicação Audiovisual eM 2005:
Em Setembro de 1939, face à ameaça da guerra, Vieira e Arpad (judeu) deixam Paris com a intenção de se instalar em Lisboa mas, quando chegam à fronteira de Vilar Formoso não os deixam entrar. Vieira havia perdido a nacionalidade portuguesa quando casou com Arpad adquirindo a nacionalidade húngara do marido. Mas, Arpad teria que se deslocar à Hungria para renovar os passaportes e não o tendo feito, ambos se tornaram apátridas. Com eles, estava um pintor romeno judeu que, possuidor de passaporte, não teve qualquer problema e a pedido de Vieira rumou a Lisboa para pedir ajuda a António Ferro para o casal Vieira-Arpad. Imediatamente, chegou a Vilar Formoso ordem de Lisboa para os deixar passar e assim rumaram a Lisboa. O casal ficou cerca de um ano em Lisboa mas acabou por partir para o Brasil com um papel passado pela Sociedade das Nações pois o governo português se recusou a dar-lhes nacionalidade portuguesa e papéis mesmo depois de Arpad se ter baptizado e casado com Vieira na Igreja de S. Sebastião da Pedreira. Chegados ao Brasil, logo lhes foi entregue pelo governo um passaporte diplomático e lhes foi oferecida nacionalidade brasileira, que eles não aceitaram.
A actividade de António Ferro em 1939 é especialmente dedicada às Exposições de São Francisco e de Nova Iorque de cujos Pavilhões Portugueses, com o tema «O Mundo de Amanhã», é Alto-Comissário. Os Pavilhões são projectados por Jorge Segurado e decorados pela mesma equipa de artistas que havia participado na Exposição de Paris em 1937. Apesar disso, continuou a trabalhar na preparação da grande "Exposição do Mundo Português" que se viria a realizar no ano seguinte em Lisboa.
[…] Logo no dia em que chegámos fomos ver o Pavilhão de Portugal, que já estava quase pronto, pois o Jorge Segurado e a notável equipa dos decoradores, já lá estavam havia seis meses. […] O Pavilhão de Portugal era talvez um pouco mais pequeno de que o de Paris, mas de linhas muito harmoniosas, leve e gracioso como o espírito lírico e um pouco romântico do seu autor, o nosso querido Jorge Segurado. Todo o pavilhão era muito bonito e bem equilibrado, mas tinha sobretudo um pormenor que atraía massas de pessoas: uma das fachadas laterais era completamente coberta por um mapa-mundo desenhado com o espírito dos antigos mapas-mundo, em que eram assinaladas com bandeirinhas portuguesas e com luzinhas encarnadas e verdes, que ora se acendiam ora se apagavam, todas as terras que os Portugueses tinham descoberto, todos os sítios do mundo onde haviam sido os primeiros a chegar, todos os caminhos marítimos que tinham percorrido de Portugal até à Austrália, sem esquecer o famoso cabo das Tormentas, a descoberta do Brasil e o caminho marítimo para a Índia. […]
Fernanda de Castro, em Memórias (1906-1987)
No dia 1 de Setembro de 1939, iniciou na Europa a segunda guerra mundial que só terminaria em 1945. Nesse mesmo ano, Portugal declarou a neutralidade, tendo-a mantido até ao final das hostilidades.
'My former wife has her visas to America and I believe also to Mexico, she is thanks to the help of Antonio Ferro, who has been very kind to me, in Lisbon.' [a minha primeira mulher tem os livre-trânsitos para a América e acho que também para o México. Ela está grata pela ajuda de António Ferro que foi muito simpático comigo em Lisboa.]
Stefan Zweig, em carta dirigida a Hanna e Manfred, Rio de Janeiro a 15/09/1940
(em South American Letters: New York, Argentina and Brazil, 1940-42 , p.59,
de Stefan Zweig e de sua mulher Lotte, Bloomsbury Publishing USA
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